Quando ninguém me entende…


pr_samuel

“Ninguém me entende!” – é uma das expressões que mais demonstram a frustração de uma alma que clama por um pouco de atenção e carinho. Não que a comunicação não seja eficiente, pois os próprios ruídos emocionais são em si mesmos uma eloquente mensagem buscando apoio. Não que queira ser entendida, mas, principalmente, aceita. Infelizmente, para muitos, essa expressão acaba se transformando numa insofismável certeza, quando tem de carregar como verdade absoluta a convicção egoísta de que ninguém se importa.
De fato, quando temos algum problema, ou sentimos solidão, ou enfrentamos algum sofrimento, algumas vezes temos a alma tomada por um sentimento que pode ser assim traduzido: “Ninguém entende como eu me sinto”. Nessas horas, não importam as palavras ditas para nos consolar, a sensação restante é que ninguém sabe o quanto estamos machucados por dentro, que ninguém conhece a causa da nossa dor ou como nos sentimos.
Quando esse sentimento de ser incompreendido está presente, o que no fundo ansiamos é que alguém, em algum lugar, nos compreenda perfeitamente e nos aceite sem restrições, nos olhe sem julgamentos e nos receba sem fingimentos. Anelamos por encontrar uma pessoa que saiba exatamente como nos sentimos e que jamais venha a nos abandonar nos momentos difíceis que enfrentamos. Pode parecer uma utopia sentimentalista, ou mesmo um escapismo emocional. Mas será que essa pessoa existe?
Existe alguém que possa entender o motivo de tamanha confusão nos relacionamentos interpessoais?
Existe alguém que possa compreender o que significa conviver com as muitas insatisfações, frustrações e pressões inerentes ao mercado de trabalho?
Existe alguém que entenda de rejeição, dor e sofrimento?
Existe alguém que compreenda o que significa carregar consigo a dor incomunicável de ter sofrido abuso?
Existe alguém que saiba o que é lutar contra sentimentos autodestruidores de carregar uma autoimagem negativa que sempre puxa a pessoa para baixo?
A boa notícia é que essa pessoa existe. Seu nome é Jesus Cristo!
Jesus entende de relacionamentos. Ele nasceu e cresceu como qualquer um de nós e, portanto, sabia o que era ser um bebê, uma criança, um adolescente e um adulto. Ele tinha uma família, e sabia o que era conviver com pai e mãe, irmãos e irmãs. Sabia o que era ter amigos íntimos, entre os quais Pedro Tiago e João; e também Marta, Maria e Lázaro. Teve, inclusive, de enfrentar a dor da traição de um “amigo”, Judas. Jesus sabia o que era ter inimigos também.
Jesus entende de pressões no trabalho. A profissão na qual Jesus passou a maior parte de sua vida não foi de mestre ou pregador, e sim de carpinteiro. Jesus passou mais tempo na carpintaria que no templo. Naquela época, o carpinteiro era um verdadeiro construtor, o que exigia talento e qualificação especializada. Jesus sofreu na pele o cansaço estafante de um dia inteiro de trabalho e sabia o que era ter calos nas mãos. Ele conhecia a frustração provocada pelo mau tempo, pelas ferramentas quebradas, pelo não pagamento de serviços prestados. Jesus também teve de lutar contra a monotonia e o tédio de ter que executar serviços repetitivos.
Uma coisa que podemos dizer sobre Jesus, sem medo de errar, é que ele realmente entende de sofrimento.
O profeta Isaías predisse o que facilmente poderia ser colocado na biografia de Jesus como capítulo de dores e rejeições: “Era desprezado e o mais rejeitado entre os homens; homem de dores e que sabe o que é padecer; e, como um de quem os homens escondem o rosto, era desprezado, e dele não fizemos caso. Certamente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus e oprimido. Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados. Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo caminho, mas o Senhor fez cair sobre ele a iniquidade de nós todos. Ele foi oprimido e humilhado, mas não abriu a boca; como cordeiro foi levado ao matadouro; e, como ovelha muda perante os seus tosquiadores, ele não abriu a boca” (Is 53.3-7).
Logo no início de Seu ministério público, Jesus experimentou desprezo. “Pode vir alguma coisa boa de Nazaré?” – indagavam zombeteiramente alguns. “Não é esse o carpinteiro?” – perguntavam desprezivelmente outros. Afinal, achavam que o Messias jamais viria de uma família de trabalhadores nem de uma cidade insignificante.
Jesus também enfrentou rejeição. As autoridades o rejeitaram e o perseguiram. Até mesmo seus irmãos não acreditavam nele. Judas o vendeu pelo preço de um escravo. E os outros discípulos, seus amigos? Ora, esses também o abandonaram no momento de sua maior necessidade.
Jesus sofreu uma enorme dor física. Foi esmurrado, esbofeteado, açoitado, torturado e lhe puseram uma coroa de espinhos. Foi pregado na cruz. Derramou o seu sangue inocente, morreu pelos nossos pecados. Pelo que aconteceu em toda a Sua história, Jesus “sabe o que é padecer”.
Desse modo, se você acha que ninguém sabe pelo que está passando, que ninguém se importa, que ninguém entende a sua dor, então saiba que Jesus entende.
Se você se sente incompreendido no trabalho, ou no seu lar; se sente tédio e frustração, saiba: Jesus entende você. Ele sabe o que significa conviver com as muitas insatisfações que acompanham a labuta diária.
Se você pensava: “Ninguém me entende”, a partir de agora pode dizer sem receio: “Ninguém me entende como Jesus”.

Samuel Câmara

Pastor da Assembleia de Deus em Belém

E-mail: samuelcamara@boasnovas.tv