Vencendo a batalha da oração


pr_samuel

Será que alguma vez você já se perguntou o que significa orar? Será que Deus realmente responde as nossas orações simplesmente para que não continuemos a incomodá-lo? E por que às vezes parece que Ele não ouve nossas petições? Precisamos compreender este assunto para que a oração se torne uma arma poderosa em nossas mãos.
       Alguns cristãos são suficientemente honestos ao admitirem que, não poucas vezes, já encararam a oração como uma tarefa extenuante, chata e, às vezes, confusa. São muitas as perguntas que entremeiam suas mentes:
“Por que orar para Deus realizar o que já é Sua vontade fazer?”
“Por que tenho de pedir, se Ele já sabe do que necessito?”
“Por que agradecer antes de ter recebido alguma dádiva?”
“Afinal, para que serve a oração?”
Em meio a suas emaranhadas dúvidas, talvez já tenham se incumbido de orar seriamente por algum assunto, mas acabaram descobrindo que não conseguiriam levar o projeto adiante. Talvez isso os tenha levado a aprender que orar de verdade pode ser uma tarefa dura, difícil mesmo.
       O que vale ressaltar é que há um grande equívoco quanto à atividade de orar que acomete muitos cristãos sinceros. Não poucas pessoas pensam na oração como uma árdua preparação para a batalha da vida. Talvez porque falhemos em ver o exemplo de Jesus Cristo, o qual nos mostrou que a oração, antes de ser uma preparação, é a própria batalha.
       Ninguém orou como Jesus. Orar foi a própria essência de Sua obra. E ninguém ensinou tanto sobre a necessidade de orar quanto Jesus. A oração era a batalha de Sua vida. E as pessoas que mais o surpreenderam foram aquelas que transformaram suas agonias insolúveis em súplicas perseverantes, algo como uma oração desesperada de um “agora ou nunca”.
       Uma súplica que chamou especialmente a atenção de Jesus foi a de uma mulher siro-fenícia, cuja filha estava possessa de um espírito imundo. Ela lançou-se aos seus pés e rogava-lhe que expulsasse de sua filha o demônio. Jesus, porém lhe disse que viera para os filhos de Israel, acrescentando: “Deixa primeiro saciar os filhos; porque não convém tomar o pão dos filhos e lançá-lo aos cachorrinhos. Ela, porém, respondeu e disse-lhe: Sim, Senhor; mas também os cachorrinhos comem, debaixo da mesa, as migalhas dos filhos. Então ele disse-lhe: Por essa palavra, vai; o demônio já saiu de tua filha. E, indo ela para sua casa, achou a filha deitada sobre a cama, e que o demônio já tinha saído” (Mc 7.24-30). Mateus registra que Jesus elogiou a fé daquela mulher: “Então, lhe disse Jesus: Ó mulher, grande é a tua fé! Faça-se contigo como queres” (Mt 15.28).
       Ali estava sendo travada a batalha da sua vida; era tudo ou nada. E ela tinha fé. Em resposta a sua fé, Jesus a atendeu. Isso está de acordo com esta palavra bíblica: “De fato, sem fé é impossível agradar a Deus, porquanto é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e que se torna galardoador dos que o buscam” (Hb 11.6).
       Jesus ensinou sobre a oração perseverante. Ele contou a parábola de uma viúva que tanto importunou um juiz para lhe fazer justiça, que o mesmo não teve alternativa senão atende-la. Era a batalha da sua vida. E Jesus acrescentou: “Não fará Deus justiça aos seus escolhidos, que a ele clamam dia e noite, embora pareça demorado em defendê-los? Digo-vos que, depressa, lhes fará justiça. Contudo, quando vier o Filho do Homem, achará, porventura, fé na terra?” (Mt 18.1-8).
       Considere, portanto, o exemplo de Jesus. Por que Ele se mostrou sereno e confiante diante do governador Pilatos? Por que suportou a dor e a humilhação no caminho para o Gólgota? Por que suportou a cruz sem reclamar?
       A resposta é simples. Antes de tudo isso, no jardim do Getsêmani, Ele tomou tempo para orar. E tanto orou, e com tal intensidade, que seu suor “se tornou como gotas de sangue caindo sobre a terra”. Foi ali, na Sua batalha de oração, que Ele ofereceu “com forte clamor e lágrimas, orações e súplicas a quem o podia livrar da morte” (Lc 22.44; Hb 5.7).
       Para quem tem grandes dúvidas sobre a oração, a cena do Getsêmani pouco ajuda e pode ser facilmente mal interpretada. Apenas por um momento, inclua-se nesse grupo, imagine-se postado ali presenciando a agonia do Filho de Deus naquela noite. Os três discípulos mais chegados estavam dormindo. Jesus agonizava. Eles pareciam não ter preocupação alguma. Jesus se debatia diante de sentimentos contraditórios. Eles se agasalhavam para fugir do frio. Jesus suava “como gotas de sangue”. Jesus parecia “acabado”. Eles simplesmente dormiam.
       O que esse quadro sugere aos duvidosos espectadores? Ora, se Jesus está tão acabado, se tudo o que Ele faz é orar, o que fará quando realmente tiver que enfrentar a crise? Por que Jesus não encara Sua provação com a mesma calma confiante de Seus três amigos que dormem? Por que essa adrenalina toda, quando poderia estar curtindo o relax da endorfina?
       A diferença toda está nos eventos a seguir. Quando a provação finalmente se escancara, Jesus caminha para a cruz com a coragem destemida de um vencedor. Os discípulos, ao contrário, esmorecem e fogem. Jesus venceu a batalha da oração, por isso seguiu confiante, mesmo diante da morte iminente. Essa é a grande lição. Oração não é qualificação para a batalha, é a própria batalha; é construir junto com Deus a Sua vontade na terra.
Deus precisa de mais guerreiros para essa batalha, entre os quais eu quero sempre estar. E você, também se habilita a lutar e a vencer a batalha da oração?
 
 
 
Samuel Câmara
Pastor da Assembleia de Deus em Belém

Samuel Câmara

Pastor da Assembleia de Deus em Belém

E-mail: samuelcamara@boasnovas.tv