Uma vez que a Páscoa está chegando, certamente algumas pessoas, religiosas ou não, estão a se indagar sobre o que fazer antes dela; ou então, se pondo a pensar em como deveriam se preparar. Quantos ovos de chocolate comprar? Coelhinhos de pelúcia? Comidas especiais? Bebidas? Presentes? Com que roupa?
Ora, a princípio, nada contra os coelhinhos de Páscoa e a imensa variedade de ovos de chocolate, ou a fartura de comidas especiais, mas uma coisa deve ser questionada: o que essas coisas têm a ver com a verdadeira Páscoa?
Se quisermos entender um pouco sobre a Páscoa, convém primeiro considerarmos a simbologia envolvida nessa comemoração. Os símbolos atuais, além dos poderosos atrativos comerciais que possuem, de certa forma não fazem outra coisa senão ocultar o verdadeiro sentido dessa importante festa de origem judaico-cristã. Isto porque, originalmente, a Páscoa nada diz sobre coelhinhos saltitantes; antes, fala de cordeiros mortos e sangue. Nada fala sobre ovos de chocolate, ou guloseimas; antes, fala de pão sem fermento e ervas amargosas.
Os símbolos da Páscoa são deveras importantes. Um símbolo é importante em razão de sua forma (ou natureza) servir para evocar, representar ou substituir, num determinado contexto, algo abstrato ou ausente.
Originalmente, a Páscoa foi instituída como festividade símbolo da libertação do povo de Israel do Egito, onde estava escravizado, no evento conhecido como Êxodo. O Senhor Deus disse que cada família deveria tomar um cordeiro, sacrificá-lo e comê-lo assado, acompanhado de ervas amargosas. Depois, cada família deveria passar do sangue do cordeiro nos umbrais e nas vergas das portas de suas casas. O Anjo da Morte percorreria a terra e passaria por cima das casas que tivessem o sinal do sangue e pouparia os seus primogênitos. (Êxodo 12)
Dessa sequência de eventos origina-se o termo Páscoa (do hebraico pesah) que significa “passar por cima”, ou “poupar”. Depois que o povo de Israel saiu do Egito, Deus ordenou a celebração contínua da Páscoa como memorial dessa libertação. Mas a mensagem da Páscoa, embora se reporte a um acontecimento distante na História, traz importantes lições, contidas nos seus próprios símbolos.
Desse modo, a Páscoa continha um simbolismo profético, como “sombras das coisas futuras”, que apontava para a redenção efetuada por Cristo. O apóstolo Paulo afirmou: “Cristo, nossa Páscoa, foi sacrificado por nós” (1Co 5.7). O cordeiro morto era como um símbolo antecipado do sacrifício de Cristo na cruz pelos nossos pecados. As ervas amargosas simbolizavam a nossa atitude de arrependimento. O pão sem fermento se referia a uma vida sincera e verdadeira.
Em suma, a Páscoa nos remete a três coisas: liberdade da escravidão, salvação da morte e caminhada para a terra prometida. Para os hebreus, isso tinha um sentido físico, pois havia a escravidão a ser subvertida, a morte iminente a ser suplantada e a terra da promessa que devia ser conquistada. Para nós, há o sentido de natureza estritamente espiritual, pois precisamos ser libertados da escravidão do pecado, ser salvos da morte, e caminhar na certeza de que o céu, onde Cristo habita, é o nosso destino final.
Infelizmente, para não poucos, a Páscoa nem sempre é um processo de expressão de fé; ela diz respeito ao rigor religioso da proibição de comer carne vermelha e à obrigação de frequentar a igreja. Para muitos, apenas enseja a oportunidade de comer chocolate e muitos ovos de Páscoa, se empanturrando de todas as guloseimas possíveis. Para outros, porém, representa mais que comilança, mais que simples religiosidade. Páscoa é libertação. Portanto, se você é escravo de algum vício ou deformação de caráter, lembre que Deus tem o poder de perdoar, de libertar e de salvar.
A Páscoa é para todas as famílias. Portanto, se a sua família enfrenta problemas, clame a Deus, pois Ele pode dar livramento e transformar o seu lar, de um lugar de desentendimentos e trevas em um lugar de bênção e felicidade. A Páscoa é para cada pessoa, individualmente. Portanto, se a sua vida não tem sentido, Deus quer lhe dar uma direção segura e levá-lo a uma “nova terra” de novas oportunidades.
A Páscoa representa também contrição, arrependimento e gratidão pela obra redentora de Cristo. Sendo um aferidor da nossa comunhão com Deus, ela insta para que nos acheguemos mais a Deus, para buscá-lo “enquanto se pode achar”.
A Páscoa é muito importante para todos nós. Portanto, antes da Páscoa, precisamos fazer uma reflexão e verificar a posição em que estamos diante de Deus, se em comunhão com Ele ou distantes de Sua presença.
A Páscoa é um poderoso lembrete de que Cristo está vivo. Ainda ressoam nos umbrais da História a palavra dos anjos às mulheres: “Buscais a Jesus, o Nazareno, que foi crucificado; Ele ressuscitou, não está mais aqui!” (Mc 16.6). O túmulo vazio é o mais poderoso símbolo a lembrar do quanto a Páscoa é importante, ontem e hoje, e sempre!
Portanto, antes da Páscoa, lembre-se de que, acima de tudo, Deus ama você e quer lhe dar vida abundante através do Senhor e Salvador Jesus Cristo. Porque, verdadeiramente, Jesus Cristo é a nossa Páscoa!
Samuel Câmara
Pastor da Assembleia de Deus em Belém
E-mail: samuelcamara@boasnovas.tv
Samuel Câmara
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