Se alguém tem sede… Venha!


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No último dia da Festa dos Tabernáculos, conhecido como “o grande dia”, Jesus se levanta no meio da multidão e exclama: “Se alguém tem sede, venha a mim e beba” (Jo 7.37). Aparentemente, era um lugar impróprio para fazer tal declaração, uma vez que ali havia fartura de comida e bebida. Mas Jesus estava falando de outra sede, a que cada pessoa tem no seu íntimo, de beber da fonte de água da vida. Por isso, Ele acrescentou: “Quem crê em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva”.
Obviamente, Jesus estava falando de outra água, não a que mata a sede física por um breve momento, e depois a pessoa tem de bebê-la novamente. Ele falava, na verdade, do Espírito Santo que haviam de receber os que Nele cressem. Jesus falava para pessoas que viviam como se estivessem em um grande deserto existencial e, de fato, estavam mesmo perdidas no deserto da vida. E nós sabemos que opior lugar do mundo onde sentir sede é em um deserto.
Lembro-me das fotos publicadas numa revista, anos atrás, mostrando dois casais que tinham ido fazer piquenique no deserto, em algum ponto do Egito, e se haviam perdido. As primeiras fotos mostravam os quatro desfrutando o lanche. Fotos posteriores já os revelavam sofrendo de sede. A última foto, aparentemente tirada pelo último sobrevivente, mostrava os outros mortos. A máquina fotográfica e os corpos foram encontrados por uma equipe de resgate.
Conta-se que, antigamente, quando as caravanas do deserto ficavam com pouco suprimento de água, enviavam um cavaleiro adiante para encontrar um oásis. Depois de algum tempo, mandavam um segundo cavaleiro atrás dele, e depois, um terceiro. Assim que o primeiro homem encontrava água, gritava para aquele que o seguia: “Venha!”; este, por sua vez, gritava para o outro: “Venha!”; e o último repetia o convite para a caravana. Assim encorajados, homens e animais prosseguiam na esperança de em breve matarem a sede.
Hoje, há tantas igrejas, tantas religiões, mas as pessoas continuam morrendo de sede no deserto da vida. Parece que os “gritos” só as fazem chegar a cisternas rotas, cujas águas não saciam.
Ora, a pior sede não é a sede orgânica de água; é a sede da água que somente Jesus pode dar: o Espírito Santo. Muitos que padecem dessa sede sentem que algo está faltando, mas não sabem o que é. O que essas pessoas necessitam é da água da vida, que só Cristo oferece.
Perceba-se que, em Seu apelo aos pecadores sedentos (“Se alguém tem sede… quem crê em mim”), Jesus fala a respeito de cada um de nós, de você e de mim. Na verdade, inclui a todos os que têm sede da água da vida. Posso dizer aos meus leitores que eu já encontrei essa água da vida, quando Jesus me encontrou e me salvou, concedendo-me o Espírito Santo para habitar no meu interior. Por isso eu insisto em dizer aos sedentos: “Venha!”
É por isso que eu prego o Evangelho, para que outros também possam receber de graça a água da vida. Isto porque, cada crente, como imitador de Cristo, precisa ser uma testemunha Dele ao mundo, mostrando às pessoas da caravana do deserto onde devem achar essa água da vida (1Co 11.1; At 1.8). É por nosso intermédio, quando pregamos o Evangelho, que Jesus distribui a água da vida.
É preciso apontar o caminho da fonte e dizer: “Venha!” Por isso está escrito: “O Espírito e a noiva dizem: Vem. Aquele que ouve diga: Vem. Aquele que tem sede, venha, e quem quiser receba de graça a água da vida” (Ap 22.17).
Alguns crentes em Jesus jamais falam do amor de Deus às outras pessoas, talvez porque não saibam direito como falar, talvez não se achem profundos, ou porque sejam simplesmente tímidos. De qualquer modo, podemos constatar que os mais bem-sucedidos ganhadores de almas para Jesus nem sempre foram os pregadores mais educados e polidos. Às vezes, Deus escolhe pessoas humildes e sem instrução para proclamarem a Sua mensagem e levarem os sedentos deste mundo à fonte de água viva. O importante é que todo aquele que já achou a fonte diga aos outros: “Venha!”
No início do ministério do grande evangelista Dwight L. Moody, um crítico o abordou dizendo que sua gramática era fraca e sua dicção deixava muito a desejar. “Sr. Moody, o senhor não deve falar em público enquanto não aperfeiçoar sua gramática. O senhor comete tantos erros gramaticais, que é uma vergonha!” Moody concordou com ele: “Sou deficiente em muitas coisas, mas estou fazendo o melhor que posso com aquilo que tenho”. Depois, virando-se ao interlocutor, Moody perguntou-lhe: “Meu amigo, você tem gramática perfeita. O que está fazendo por Jesus?” Ora, tanto quanto sabemos, o crítico nunca lhe respondeu.
No Século XIX, certamente ninguém levou mais pessoas à fonte de água da vida do que Moody. O fato é que Deus pode usar qualquer pessoa que se disponha a testemunhar que Jesus é o Salvador, a única fonte de água da vida, e dizer aos outros: “Venha!”
Jesus começou a pregar o Evangelho de Reino e nos comissionou a prosseguir com a Sua mensagem. Ecoemos o que ele disse à mulher samaritana: “Quem beber desta água tornará a ter sede; aquele, porém, que beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede; pelo contrário, a água que eu lhe der será nele uma fonte a jorrar para a vida eterna” (Jo 4.6-14). Quem tem sede… Venha!
 
 
 
Samuel Câmara
Pastor da Assembleia de Deus em Belém

Samuel Câmara

Pastor da Assembleia de Deus em Belém

E-mail: samuelcamara@boasnovas.tv