Remédios ou placebos?


pr_samuel

Um ditado popular afirma que é melhor prevenir do que remediar. Mas como as doenças e enfermidades geralmente se instalam sem pedir licença, quase sempre só podemos mesmo é remediar essas situações, buscar a cura em drogas farmacológicas, preferencialmente as de eficácia comprovada. E se o remédio (aqui tomado como sinônimo de medicamento) não for eficaz, de que adianta experimentá-lo? E se for apenas um comprimido de farinha, que benefícios isso pode trazer ao enfermo?
Estudos comprovaram que placebos podem realmente aliviar sintomas, se a pessoa doente acreditar que são medicamentos efetivamente capazes de curá-la. Algumas pesquisas mostraram que muitas pessoas as consideraram úteis, mesmo depois de descobrirem que as pílulas administradas no tratamento eram simplesmente placebos.
Os placebos são pílulas cujo aspecto é idêntico ao de outra farmacologicamente ativa, mas com material inócuo, como açúcar, farinha de trigo etc. Os medicamentos são substâncias com eficácia e qualidade legalmente comprovadas.
Algumas mães, ao perceberem que os filhos estão apenas com manha e querendo chamar a atenção, mas choram como se estivessem doentes, utilizam a técnica de ministrarem o “santo remédio” de uma bolinha de pão como se fosse medicamento, e veem rapidamente seus filhos se acalmarem. Alguns médicos utilizam o mesmo princípio com hipocondríacos, que saem dos consultórios felizes da vida por terem atingido a glória de tomarem “mais um” remédio.
O princípio do placebo ilustra uma incômoda verdade, que uma crença pode ser temporariamente efetiva, mesmo quando fundamentada em algo que não é verdadeiro. Isso me leva a pensar nas assombrosas implicações desse princípio na fé religiosa. Do mesmo modo que placebos podem proporcionar algum alívio temporário, crenças erradas sobre Deus podem resultar em falsos sentimentos de paz e alegria.
Nesse sentido, há muitos placebos sendo administrados livremente como se fossem remédios para a dor da separação de Deus, como se fossem medicamentos contra a aflição causada pelo pecado. Quando isso ocorre, as pessoas podem não sentir a real necessidade de confiarem no sacrifício de Jesus Cristo, o único “Remédio” para a dor humana. Deixam de confiar no Salvador para confiarem em placebos da vã religiosidade.
Saulo de Tarso era um jovem que tinha tomados alguns placebos religiosos, que ele chamou depois de “confiar na carne”. Ele dizia: “Se qualquer outro pensa que pode confiar na carne, eu ainda mais: circuncidado ao oitavo dia, da linhagem de Israel, da tribo de Benjamim, hebreu de hebreus; quanto à lei, fariseu, quanto ao zelo, perseguidor da igreja; quanto à justiça que há na lei, irrepreensível” (Fp 3.4-7).
Isso tudo era placebo. Quando, porém, Paulo teve um encontro com Cristo, foi salvo e transformado pelo evangelho, que é “o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê” (Rm 1.16). Ele, então, considerou tudo aquilo como perda, para poder ganhar a Cristo.
Jesus contou a história de um fariseu que havia engolido placebos de ideias a respeito de si mesmo que o faziam sentir-se mais perto de Deus. Ele se postava em pé num canto de praça e ficava a orar bem alto, demonstrando um falso senso de bem-estar, confiança e alegria.
Ele se exaltava diante de Deus, mas, apesar disso, sua real condição espiritual era bastante precária. Em contrapartida, um infeliz publicano, no outro lado da praça, batia no peito e exclamava o quanto era um pecador perdido, suplicando pela misericórdia de Deus na sua vida. Ele queria um medicamento que realmente curasse sua insignificância e falta de propósito na vida.
O resultado é que o fariseu continuou tomando seus placebos religiosos e saiu de lá tão pecador como antes. Todavia, o publicano experimentou o princípio ativo do perdão de Deus e saiu justificado para sua casa (Lc 18.9-14).
Os placebos sobre como chegar-se a Deus, ou se livrar do pecado, ou ter paz interior, podem até funcionar por um tempo, mas, por fim, vão mostrar a real situação espiritual da pessoa.
Na verdade, o único modo de alguém se chegar a Deus é através de Jesus Cristo, que disse. “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim” (Jo 14.6). Esse é o princípio ativo da salvação, um medicamento único e poderoso, sem nenhum substituto.
Ninguém precisa de placebos religiosos. Só Jesus “pode salvar totalmente os que por ele se chegam a Deus” (Hb 7.25). E por que tudo o mais é placebo, mas só Jesus tem o efetivo remédio contra o pecado? Por causa da obra que Ele realizou na cruz do Calvário: “Certamente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si… Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados” (Is 53.4-6).
Na cruz, Jesus bradou: “Está consumado!” (Jo 19.30). Isso quer dizer que você não precisa de placebos religiosos, basta confiar em Jesus e entregar a sua vida a Ele.
Você pode continuar tomando placebos religiosos. Mas pode recorrer ao único meio de ser salvo e curado: Jesus Cristo! A decisão é sua!

Samuel Câmara

Pastor da Assembleia de Deus em Belém

E-mail: samuelcamara@boasnovas.tv