Ao mostrar sua loja a um visitante, o relojoeiro indicou duas maneiras de acertar a hora dos relógios. Num método, o relógio mestre tocava uma nota periodicamente. Se os outros relógios estivessem errados, o sinal apontaria seu erro, porém não o corrigiria. No outro método, um cronômetro fora ligado eletronicamente a vários outros relógios, de modo que cada batida deles era controlada pelo relógio mestre.
A primeira maneira de acertar a hora representa a lei de Deus. Ela dá o sinal, apontando para os caminhos perfeitos de Deus que cada pessoa deve seguir, mas não podem corrigir os erros ou pecados dessa pessoa. O segundo método representa a graça de Deus, que perdoa e salva o pecador. O que a lei não podia fazer, a graça pôde.
Lei e graça são dois conceitos importantíssimos, se quisermos conhecer como viver uma vida plena e produtiva de acordo com a vontade de Deus, que é Santo e Justo.
A lei de Deus exige um uso apropriado, conforme Paulo afirmou: “Sabemos, porém, que a lei é boa, se alguém dela se utiliza de modo legítimo” (1Tm 1.8).
Certo pregador usou três ilustrações para exprimir isto. Primeiro, ele relacionou a lei a um espelho de dentista. Com esse pequeno espelho, ele pode localizar as cáries. Mas o dentista não pode usar o espelho para perfurar. Ele apenas revela a cavidade, mas não pode repará-la.
Depois, ele comparou a lei a uma lanterna. Se, de repente, um fusível queimar e faltar luz em casa, você pode usar a lanterna para guiá-lo na escuridão até a caixa de força. A lanterna ajuda-o a localizar o fusível queimado, mas você não pode colocá-la em seu lugar.
Na terceira figura, ele relacionou a lei ao prumo. O pedreiro usa uma linha com um peso amarrado nela para checar se seu trabalho está bem alinhado. Se descobrir um erro, ele não pode usar o prumo para corrigi-lo, mas sim outras ferramentas.
Desse modo, a lei de Deus aponta o pecado, mas não pode salvar-nos. Pode mostrar a nossa fraqueza, mas não nos fortalece. Pode condenar, mas não justificar. A lei ordena que façamos o bem, mas não nos capacita a fazê-lo. A lei mata, mas a graça dá vida. A lei de Deus revela o problema do pecado, mas não oferece uma solução. A resposta é encontrada na graça de Deus, a graça imerecida que Ele nos oferece gratuitamente na pessoa de Jesus Cristo.
Mas o que é graça? Paulo resumiu suas incontáveis virtudes chamando-as de “suprema riqueza”. Ele especificou algumas dessas riquezas em sua carta aos Efésios 2, nos versos abaixo:
1 Ele vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados,
2 nos quais andastes outrora, segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe da potestade do ar, do espírito que agora atua nos filhos da desobediência;
3 entre os quais também todos nós andamos outrora, segundo as inclinações da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos, por natureza, filhos da ira, como também os demais.
4 Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou,
5 e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo, —pela graça sois salvos,
6 e, juntamente com ele, nos ressuscitou, e nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus;
7 para mostrar, nos séculos vindouros, a suprema riqueza da sua graça, em bondade para conosco, em Cristo Jesus.
8 Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus;
9 não de obras, para que ninguém se glorie.
10 Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas.
Portanto, graça é isto: o favor de Deus concedido a pessoas que não merecem (v.1); o instrumento de Deus para trazer salvação para todo aquele que crê (v.8); a provisão de Deus de comunhão espiritual com outras pessoas (vs 5,6); e a influência criativa de Deus que equipa o crente para cumprir Seus propósitos (v.10).
A graça de Deus não é somente maravilhosamente rica, mas também gratuita, porque o próprio Jesus, o doador da graça, pagou o alto preço para nos salvar. Desse modo, se alguém se esforça para ser salvo pelo seu próprio esforço, procurando ser bom cumpridor da lei, tudo o que conseguirá é conhecer sua própria impotência, pois a lei só mostra o que ele realmente é, ou seja, um grande pecador.
A graça de Deus, diferentemente, nos capacita a andar nos caminhos de Deus, pois é o próprio Senhor Jesus quem vive em nós pelo Seu Espírito e nos supre a força necessária para fazê-lo.
A Bíblia diz: “A graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens” (Tt 2.11). Somos salvos pela graça, mediante a fé em Jesus; isto não é produzido pelo nosso esforço pessoal, nem pela religião que professamos; antes, é um dom gratuito de Deus (Ef 2.8).
Sabendo disto, só nos resta seguir o conselho do salmista: “Entrega, pois, o teu caminho ao Senhor Jesus, confia Nele, e o mais Ele fará”.
Samuel Câmara
Pastor da Assembleia de Deus em Belém
E-mail: samuelcamara@boasnovas.tv