Não ofereça menos que seu melhor


pr_samuel

Depois de um concerto do violinista Fritz Kreisler, uma mulher se aproximou dele e, num gesto emocionado, exclamou: “Oh, eu daria a minha vida para tocar tão bem quanto o senhor!” O violonista respondeu circunspecto: “Foi exatamente o que eu fiz!” De fato, Fritz Kreisler fez um grande sacrifício de tempo, esforço e desejos pessoais para alcançar os píncaros da realização humana, vindo a tornar-se um grande e excelente músico. Suas performances eram um exemplo acabado de que, para ser excelente, nada menos que o seu melhor devia estar em curso. E foi exatamente sua música executada com primor que abençoou e enterneceu muitas almas com um toque de graça e beleza.
O evangelista D. L. Moody contou a história de um homem que estava cruzando o Atlântico de navio, mas, como se sentira terrivelmente enjoado, recolheu-se em sua cabina. Durante a noite, o homem ouviu um grito: “Homem ao mar!” Mas achou que não poderia fazer nada para ajudar. Depois, disse para si mesmo: “Bem, eu posso pelo menos colocar a minha lanterna na vigia”. Então, ele se esforçou para ficar em pé, agarrou a lanterna e colocou-a na vigia para iluminar a escuridão do mar à sua frente.
No dia seguinte, ele soube que a pessoa resgatada testemunhara: “Naquela escuridão, eu estava afundando pela última vez, quando alguém colocou uma lanterna na vigia. Quando a luz brilhou sobre minha mão, um marinheiro no bote agarrou-a e puxou-me para cima, são e salvo”.
Essas duas histórias, embora tão díspares, nos apontam para uma só verdade. Uma habilidade burilada ao extremo da excelência pode abençoar muitas vidas, salvando “vidas secas” da aridez dos desertos emocionais. Uma simples lanterna usada na hora certa produziu a ajuda de que necessitava o desesperado homem. Assim também, não importa quão pequena possa parecer a sua habilidade, se bem utilizada, pode ajudar a cumprir o propósito de Deus na terra.
A verdade que nos salta aos olhos é esta: se cada pessoa usar o melhor de si, mesmo que a sua habilidade (dom ou talento) pareça insignificante, ou mesmo que seja grandiloquente, isso poderá ser instrumento de bênção para quantos dela necessitam.
Moisés tinha apenas um bordão, provavelmente feito de um galho seco de uma árvore qualquer. Mas foi esse cajado que ele, em nome do Senhor, levantou para que o Mar Vermelho se abrisse, e o povo de Deus passou a pé enxuto. Quando o povo sentiu uma incontrolável sede, foi com esse bordão que Moisés feriu a rocha em Refidim, e dela saiu água para saciar uma população inteira em pleno deserto. (Ex 14.16; 17.6)
O jovem Davi tinha apenas uma simples funda (rudimentar atiradeira de pedras), quando se dispôs a enfrentar o gigante Golias perante os exércitos dos filisteus e dos israelitas. Davi partiu para o gigante e, em nome do Senhor, lhe atirou uma pedra que o derrubou e selou a sorte da batalha. Foi esse pequeno instrumento que Deus utilizou para envergonhar uma nação inteira e dar a vitória ao Seu povo.  (1 Sm 17.49)
Jesus tinha uma grande multidão diante de Si, mas a hora estava adiantada e não havia como alimentar a todas as pessoas. Na verdade, havia apenas dois peixes e cinco pães oferecidos por um garoto. Nas mãos daquele jovem, ou nas minhas mãos, cinco pães e dois peixes talvez produzissem apenas alguns sanduíches. Mas, nas mãos de Jesus, foram poderosamente multiplicados e alimentaram milhares.
Que lição podemos tirar disso? Dê o melhor que tem para o Senhor, embora pareça insignificante, e Ele usará isto para abençoar a muitos. Não esconda o dom que Deus lhe deu, não retraia de abençoar as pessoas com o talento que possui. Antes, coloque-o nas mãos de Deus, faça o seu melhor, e o Senhor abençoará o seu intento.
Foi o que fez Maria, de Betânia. Jesus estava na casa de Simão, quando ela trouxe um vaso de alabastro com preciosíssimo perfume de nardo puro; e, quebrando o vaso, derramou o bálsamo sobre a cabeça de Jesus. Alguns se indignaram, pois acharam que era um desperdício, pois se tratava de um perfume valioso (cujo custo importava em mais de 300 dias de trabalho); e murmuravam contra ela.
Mas Jesus disse: “Deixai-a; por que a molestais? Ela praticou boa ação para comigo”. E acrescentou: “Em verdade vos digo: onde for pregado em todo o mundo o evangelho, será também contado o que ela fez, para memória sua”. (Mc 14.3-9)
Maria deu o melhor que tinha para Jesus e ganhou um reconhecimento mundial que dinheiro nenhum compraria; e, ainda por cima, com a honra de ter ungido Jesus para a sua morte vicária. Que grande privilégio!
Jamais ofereça a Deus nada menos que o seu melhor, mesmo que aos olhos humanos isso possa parecer insignificante. Pois o valor do que você coloca nas mãos de Deus é decorrente da sua atitude. Uma atitude generosa faz toda a diferença e move a mão de Deus para abençoar a muitos.
Cada pessoa precisa responder para si mesma: estou oferecendo o meu melhor na vida?

Samuel Câmara

Pastor da Assembleia de Deus em Belém

E-mail: samuelcamara@boasnovas.tv