E se os cristãos desaparecessem…


pr_samuel

Jesus Cristo afirmou que os Seus discípulos tinham uma missão intrínseca ao seu DNA de filhos de Deus e nascidos de novo, posto que gerados pela palavra da verdade, que era a de ser sal da terra e luz do mundo. Ou seja, influenciar e transformar o mundo à sua volta. E isso, se vivido na sua inteireza, em qualquer tempo ou em alguma sociedade que valha o nome, por mais ou menos esclarecida que fosse, acabava por causar inúmeros incômodos e constrangimentos. É por isso que nos tempos dos apóstolos, os cristãos eram acusados de, inclusive, terem “transtornado o mundo” com sua mensagem radical de mudança.
É possível que em muitos lugares os incomodados tenham desejado ardentemente que os cristãos enfim desaparecessem, sumissem de vez, até porque tinham ouvido dos próprios que um dia isso iria acontecer com a surpreendente volta do Senhor Jesus.
Em poucos anos, após a inauguração da Igreja no evento de Pentecoste, em Jerusalém, os cristãos influenciaram de tal modo o tecido social do seu tempo que o próprio império romano, para sobreviver, acabou se adaptando aos novos tempos e se tornou “cristão”. A palavra cristão, que começara como um substantivo, agora se transformara, por força das circunstâncias, em um adjetivo. A essência de Cristo dera lugar a todo tipo de vícios do comportamento que agora os titulava e qualificava com todas as esquisitices da religião dominante. Ser cristão não era mais “ser como Jesus Cristo”, era apenas uma forma chique de religiosidade. O sal ficara insípido, a luz deixara de brilhar. Os cristãos acabaram sumindo no sistema de poder que os absorvera.
Voltemos ao nosso tempo. Ao tratarmos sobre a influência que os cristãos exercem hoje, é bom que respondamos às seguintes questões: E se, de repente, todos os cristãos sumissem? E se todos simplesmente desaparecessem, não de verdade, mas de fazer coro com a injustiça e a corrupção reinante neste mundo?
Deixo claro que não estou falando de um desaparecimento resultante do evento profético do Arrebatamento, mas sim de um sumiço que pudéssemos controlar. Por exemplo: se todos os cristãos, de repente, desaparecessem dos lugares onde costumavam ir para se divertir e, aos quais, como filhos de Deus, já não pertencem mais?
O que ocorreria se todos os cristãos se recusassem a assistir aos programas de TV nos quais a imoralidade está inserida mascaradamente como divertimento? E se não comprassem mais livros que atentem contra a nossa fé e fazem pouco caso da Revelação de Deus na Bíblia Sagrada? E se não estudassem mais em escolas que ensinam contrariamente à verdade do Evangelho de Jesus Cristo?
E se todos os cristãos desaparecessem das estatísticas dos institutos de pesquisa? E se não assistissem mais a novelas e filmes mundanos que trazem personagens que usam o nome de Deus em vão e ainda achincalham os elevados padrões éticos e morais cristãos? As pessoas em Hollywood e no Jardim Botânico notariam a nossa falta?
E se os cristãos não comprassem mais produtos oriundos de pirataria, quer fosse um tênis, um CD de música ou um DVD de filme? Isso abalaria as finanças do crime organizado?
E se os cristãos não votassem mais em candidatos corruptos ou corruptores, mesmo que travestidos de “irmãos na fé”? Isso abalaria o equilíbrio do poder político?
E se os cristãos não fossem mais às igrejas onde a Deus não é permitido entrar, onde quem está em evidência são os próprios ministradores, e não o Senhor Jesus? E se os cristãos não participassem mais de cultos onde os púlpitos servem apenas como palco de exibição para cantores, pregadores e líderes personalistas e vaidosos? Essas igrejas deixariam de existir, ou teriam dificuldade para pagar suas contas?
Será que a nossa deliberada ausência dessas coisas ditas “mundanas” e das coisas maquiadas com “verniz religioso” faria alguma diferença?
Sinceramente, acho que sim, embora tenha de admitir que esse não é o “x” da questão. Nosso dever nesta vida é viver cada momento em íntima comunhão com Deus, sem deixar nenhuma coisa desestabilizar ou interromper essa comunhão.
O desaparecimento dos cristãos desejado pelos “incomodados”, ou seu “sumiço” no mundo por inabilidade de viver a fé proposta por Jesus, ou ainda seu desaparecimento por simples protesto decorrente da fé que professam, não são realidades apenas diferentes, são completamente equidistantes.
A verdade é que a influência dos cristãos, que seria apenas uma consequência de obedecer a Deus, deveria também ser algo da normalidade da nossa vida.
Talvez um servo de Deus, isoladamente, tenha dificuldade de mensurar a sua influência pessoal. Talvez porque nunca tenha sido aplaudido publicamente por ser “diferente”. Talvez porque seja reconhecido por apenas um grupinho de pessoas. Talvez porque receba críticas em razão de sua humildade e mansidão serem confundidas como “fraqueza”.
Mas a verdade é que este único ser, embora aparentemente anônimo, é um “herói desconhecido” que serve como sal que preserva a sociedade da corrupção e como a luz que ilumina os caminhos à sua volta.
O desafio de desaparecer das hordas que estão sendo influenciadas por comportamentos pecaminosos exige que cada cristão faça a sua parte. Talvez jamais escutemos os aplausos deste mundo, mas com certeza seremos recompensados no céu.
E mesmo se ninguém, exceto Deus, notar, isso realmente faz uma grande diferença!

Samuel Câmara

Pastor da Assembleia de Deus em Belém

E-mail: samuelcamara@boasnovas.tv