As múltiplas surpresas do Céu

pr_samuelDepois de um curto período na Marinha Real Britânica, John Newton iniciou sua carreira como traficante de escravos. Certo dia, durante uma de suas viagens, seu navio foi fortemente afetado por uma tempestade. Momentos depois de Newton deixar o convés, o marinheiro que tomou o seu lugar foi violentamente jogado ao mar, de modo que ele próprio teve de guiar a embarcação pela tempestade. Mais tarde, Newton comentou que durante aquela terrível tempestade sentiu que todos ali estavam tão frágeis e desamparados, o que o levou a concluir que somente a graça de Deus poderia salvá-los naquele momento. Incentivado por esse acontecimento e pelo que havia lido no livro de Tomas de Kempis, Imitação de Cristo, John Newton resolveu abandonar o tráfico de escravos e converteu-se a Cristo. Tais experiências o levaram a compor a canção Amazing Grace (Maravilhosa Graça), um dos mais belos e conhecidos hinos cristãos.

Nessa canção, ele tenta expressar o que todo pecador remido pelo sacrifício expiatório de Jesus Cristo sentirá em sua jornada de fé até chagar ao Céu. Em suas ponderações, Newton afirmou que ele mesmo espera encontrar no Céu três surpresas: “A primeira surpresa será dar de cara com pessoas que eu não imaginei que pudessem chegar lá; a segunda, sentir falta daqueles que eu tinha certeza que eu esperava ver, mas que não estarão lá; e a terceira, a maior surpresa de todas, finalmente poder afirmar: glória a Deus, eu consegui, eu cheguei”.

O Céu será, de fato, um lugar de surpresas. As Escrituras nos permitem ver apenas de relance a glória que iremos compartilhar no Céu com nosso Senhor Jesus. Está escrito que no Céu, imagine só, não haverá mais tristeza, nem morte, nem lágrimas, nem dor, porque tudo o que era corrompido ou errado será erradicado (Ap 21.4).

Muitas pessoas, hoje, não acreditam no Céu, muito menos no inferno. Não esperam nenhuma surpresa de parte alguma. O filósofo Sartre desdenhou do Céu, e tentou desacreditar e, ao mesmo tempo, humanizar o inferno, ao declarar: “O inferno são os outros”. Mas a maior autoridade sobre o assunto, o único que veio do Céu e retornou para lá, Jesus Cristo, o Filho de Deus, inúmeras vezes deu conta de que esses lugares são reais. A maior pintura do Céu jamais compartilhada antes foi dada através de uma revelação do próprio Senhor Jesus ao Seu servo João, relatada integralmente no livro Apocalipse ou Revelação. O Céu é real.

Todavia, os rápidos vislumbres que possamos ter do Céu, só servirão para nos deixar mais ansiosos sobre tudo aquilo que nos encherá de admiração quando chegarmos lá. É bom saber que o único lugar onde a vontade de Deus é executada perfeitamente por todos os seres celestiais é exatamente no Céu. Esta é a razão porque lá não há lágrimas, dor, ou mal; pois lá só existe perfeição.

A terra é um lugar imperfeito por causa do pecado e das nossas escolhas egoístas. O “bilhete” da passagem para o Céu está na escolha de fazermos a vontade de Deus todos os dias, sabendo que isto depende fundamentalmente de uma decisão pessoal.

Nós fomos feitos para nos relacionarmos com o Deus vivo e verdadeiro, sem nenhum outro intermediário que não o Senhor Jesus. Como está escrito: “Porquanto há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem” (1Tm 2.5). Deus fez uma nova aliança conosco, com base em superiores promessas, cujo objetivo final é nos tornar semelhantes a Seu Filho Jesus e nos dar o Céu como herança (Hb 8.6).

Fomos feitos para amar e adorar a Deus, não para adorar imagens, ídolos, santos, ou outro ser. Fomos feitos para refletir a Sua imagem, para fazer o bem, não para praticar o mal. Deus está pronto para confortar-nos, guiar-nos, e dirigir-nos no meio das nossas angústias, dores e pesares, e nos dar esperança. Mas Ele aguarda que escolhamos fazer a Sua vontade e andar nos Seus caminhos.

É por isso que Jesus nos ensinou a orar: “Seja feita a tua vontade assim na terra como no Céu” (Mt 6.10). O Céu é o exemplo por excelência de como seria a terra se usássemos o direito de escolha para fazer o bem. Focar a existência nas coisas do Céu ajuda a arrumar a nossa vida terrena. A Bíblia diz que Deus colocou a eternidade no coração do homem (Ec 3.11). É por isso que a vida perde o sentido se só pensamos nos efêmeros valores terrenos.

O pensador cristão C. S. Lewis disse: “Os homens que foram mais relevantes e operosos são os que viveram a pensar na vida futura. E os que viveram a vida sem pensar no Céu foram os que menos realizaram de relevante para mudar a sua geração”.

Embora eu queira fazer coisas grandes e pequenas para Deus, não coloco nessas coisas o foco da minha vida, mas quero permanecer focado nas coisas do Céu, pois isso é que dá verdadeiro sentido a minha vida.

De fato, para conhecer as surpresas do Céu é preciso fazer a escolha de servir a Deus e fazer a Sua vontade. Qual é a sua escolha?

 

Samuel Câmara

Pastor da Assembleia de Deus em Belém
E-mail: samuelcamara@boasnovas.tv