Aprenda a viver com entusiasmo!


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Entusiasmo é uma dessas palavras que foram se modulando e mudando com o tempo, adquirindo um significado distinto do que originalmente significava. Nas religiões não-cristãs da Antiguidade, a palavra entusiasmo significava o estado de exaltação do espírito de quem recebia, por inspiração de alguma divindade, a capacidade de adivinhação. Isso tinha a ver com um estado de fervor ou de emoção religiosa intensa. Atualmente, entusiasmo tem a ver com uma admiração, um arrebatamento, uma explosão de alegria, uma excitação acima da normalidade. Assim, a pessoa que tem entusiasmo demonstra um grande interesse, uma dedicação ardente, uma paixão que lhe confere intenso prazer de ser e fazer, uma veemência tal com a vida que leva e com o que fala, que o trato com as pessoas e os acontecimentos da vida acabam ficando subordinados a isso, não os ditadores do seu humor e reações na vida.
Com essa definição, não poucas pessoas que conhecemos ficarão automaticamente de fora do círculo do entusiasmo, porque suas expressões corriqueiras são um sinônimo de derrotismo e negativismo, as quais funcionam como “lentes” através das quais enxerga a vida e expressa suas atividades e emoções corriqueiras.
O entusiasmo ajudará você a tomar posse da maturidade que os anos acrescentam à vida, sabendo que ser maduro é um privilégio. Evita-o de pensar na categoria de que está ficando “velho”, pois idade não é pretexto para se ficar “enferrujado” ou “envelhecido”. Se você não soube viver bem e com entusiasmo as etapas anteriores da sua vida, não gaste o seu tempo em lamentações, procure focar nesta “última” que está vivendo agora e faça o seu melhor e da melhor maneira possível para ser uma bênção a si mesmo e para todos ao seu redor.
Quem vive com entusiasmo não perde tempo em guardar mágoas dos outros nem nega a si mesmo o perdão por fracassos e erros, não fica remoendo o passado nem mantendo outros prisioneiros nas masmorras de sua alma. Antes, perdoa a si mesmo antes mesmo de perdoar os outros, porque é livre para viver e libertar os outros para, assim, receber também o perdão que Deus. Viver com entusiasmo lhe permitirá evitar a nostalgia, impossibilitando que você se transforme em uma pessoa amarga e triste. Elogiar os amigos e reconhecer seus esforços, capacidades e conquistas será uma normalidade na sua vida, e você expurgará de si a necessidade de ficar exigindo deles o que não podem dar. Antes, tratará amigo como amigo, amando-os e edificando-os com o melhor de si mesmo.
Viver com entusiasmo lhe conferirá o antídoto para excluir de seu coração os sentimentos abjetos e mesquinhos da inveja, do orgulho, do egoísmo, das cobranças, da implicação com coisas pequenas e frustrantes, e isso lhe dará uma maior capacidade para se relacionar melhor com as pessoas. Nessa caminhada, a maturidade será filha legítima do entusiasmo, e então você poderá terminar a carreira e tomar posse de tudo o que você sempre sonhou: ser feliz em ser quem é, a despeito do que a vida lhe concedeu.
O apóstolo Paulo, no final de sua vida, tinha tudo para sentir-se triste e derrotado. Já idoso e fisicamente cansado das muitas lutas, prisioneiro em Roma, a maioria de seus amigos o abandonara, a igreja que ele ajudara a edificar não o defendera, falsos amigos se aproveitaram dele e lhe causaram males irreparáveis, entre outras coisas ruins. Mas não; ele não se sentiu acuado, não perdeu o entusiasmo pela vida.
De sua pena, na prisão, brotaram as chamadas “cartas do cativeiro” onde ele destilava – em vez de rancor e amargura, como seria natural – um indizível entusiasmo. Ele instava com os irmãos a se viverem com alegria: “Alegrai-vos sempre no Senhor” (Fp 4.4). Isso era o mesmo que dizer: “Vivam a vida com entusiasmo!” Ele sabia que a sua força vinha do Senhor e que nada “de fora” perturbaria a sua alegria de viver. Embora velho na idade, era jovem no espírito; mesmo com o corpo cansado, esbanjava vitalidade na alma.
O escritor Samuel Ullman, em seu livro “Do Alto de Oito Dezenas de Anos”, conseguiu externar a essência dessa mensagem paulina, ao escrever: “A juventude não é um período da vida. É um estado de espírito. É o vigor da vontade, a qualidade da imaginação, a força das emoções, a predominância da coragem sobre a timidez, do desejo de aventura de preferência ao amor à comodidade. Ninguém envelhece pelo simples fato de viver um determinado número de anos. As pessoas só envelhecem quando abandonam seus ideais. Os anos enrugam a pele, a desistência do entusiasmo enruga a alma.”
“A preocupação, a dúvida, a falta de confiança em si mesmo, o medo e o desespero fazem curvar a cabeça e voltar ao pó o espírito em desenvolvimento. Uma pessoa é tão jovem quanto a sua fé, tão velha quanto a sua insegurança; tão jovem quanto a sua capacidade de confiar, tão velha quanto o seu desassossego. Quando desce o pano, e todos os pontos centrais do coração estão cobertos pelas névoas do pessimismo e pelo gelo do ceticismo, então – e só então – estamos realmente velhos, e que Deus tenha piedade de nossa alma. Viva todos os dias de sua vida, não como se fosse morrer amanhã, mas como se esperasse viver para sempre.”
Paulo sabia que, para viver com entusiasmo, era preciso manter uma atitude alegre e um coração agradecido. Poucas coisas são tão desagradáveis quanto ficar perto de alguém mal humorado e ingrato. Quando vivemos com entusiasmo, os problemas são mais uma oportunidade de milagre e vitória, não prenúncios de derrota; e a vida fica mais doce e frutífera.
Viver com entusiasmo nos conservará jovem o coração, tanto pelo bem que faz aos outros como pelos benefícios vivificadores que isso nos traz. Alegre-se no Senhor! Viva com entusiasmo! Esse é o melhor credo da vida!
 
 
 
Samuel Câmara
Pastor da Assembleia de Deus em Belém

Samuel Câmara

Pastor da Assembleia de Deus em Belém

E-mail: samuelcamara@boasnovas.tv