O que há por trás de um nome que lhe confere valor? Esta foi a pergunta que Justin Kaplan e Anne Bernays tentaram responder em seu livro “A Linguagem dos Nomes”. Segundo eles, há muito em um nome, pois “os nomes penetram no âmago de nosso ser”. No capítulo em que analisaram os nomes da Literatura, verificaram que geralmente os personagens tinham nomes que refletiam exatamente quem eles eram.
Nos tempos bíblicos, os nomes eram colocados ou trocados tendo em vista um propósito ou decorrentes de um acontecimento marcante. E a Bíblia está cheia de nomes que foram mudados pelo próprio Deus, que buscava conferir-lhes um valor que corrigisse suas caminhadas e correspondesse ao chamamento divino para viverem a nova missão de suas vidas.
Ao homem chamado Abrão, cujo significado era “grande pai ou pai elevado”, Deus mudou o nome para Abraão, apontando profeticamente que ele seria “pai de muitas nações ou povos”, sendo este o significado do seu novo nome. Antes desta mudança, quando as pessoas o chamavam de Abrão, ou “grande pai”, ele certamente sentia o incômodo de não ter filhos. Mas, depois da mudança, sempre que alguém lhe chamasse Abraão, isso só aumentaria a sua certeza de fé de que um dia teria muitos filhos e que dele sairiam muitas nações.
Mas como seria isto, uma vez que a esposa de Abraão chamava-se Sarai, que significava “estéril”? Ora, Deus também mudou o seu nome, chamando-a de Sara, ou “fértil”. Sua história foi mudada quando Deus disse: “Eu a abençoarei, e ela se tornará nações; reis de povos procederão dela”. E, de fato, na sua velhice gerou um filho, a quem chamou de Isaque.
Isaque teve um filho a quem chamou de Jacó, cujo nome significava “suplantador”, ou literalmente “aquele que segura pelo calcanhar”. Deus mudou o seu nome para Israel, porque queria que ele fosse visto com um “príncipe de Deus”, ou “aquele que reina com Deus”.
Os dois mais proeminentes discípulos de Jesus, Pedro e Paulo, tiveram a experiência de verem seus nomes mudados. Simão significa “aquele que ouve”, no sentido de se deixar levar pelo que ouvia, ou seja, uma pessoa intempestiva e inconstante. Jesus mudou o seu nome para Pedro, indicando que deveria ser firme como uma rocha e ativo como um homem seguro e decidido. Certamente Jesus estava preparando seu temperamento para as grandes lutas que enfrentaria no início da Igreja.
Ao homem chamado Saulo, “o grande”, significado que caracterizava o seu temperamento exaltado e orgulhoso, Jesus chamou de Paulo, “o pequeno”. Paulo depois veio a afirmar que era “o menor de todos os santos”. Isso certamente serviu para lhe ensinar o valor da humildade, e também para posicioná-lo a receber grandiosas revelações da parte de Deus, as quais marcaram indelevelmente toda a história da Igreja.
A Bíblia dá muita importância ao nome das pessoas. Tanto que nos primeiros nove capítulos do livro de 1 Crônicas encontramos uma lista quase interminável de nomes. A tentação é passar logo as páginas. Mas uma leitura atenta nos fará encontrar algumas “pérolas de grande valor” que nos fornecem peças interessantes de informação.
Por exemplo, há dois versos que falam de um homem chamado Jabez (1Cr 4.9,10). O que chama a atenção é que o cronista parece fazer uma pausa na imensa lista de nomes para contar algo marcante sobre este homem. Ele registra que Jabez “era mais ilustre que seus irmãos”. Não sabemos ao certo por que ele era tão ilustre, mas podemos achar algumas pistas no significado do seu nome e na breve oração que pronunciou.
Quando ele nasceu, “sua mãe chamou-lhe Jabez, dizendo: Porque com dores o dei à luz”. Desse modo, seu nome significa “ele causa dor”. Decerto, sua mãe deu-lhe esse nome estranho por causa do intenso sofrimento experimentado durante o difícil trabalho de parto. Mas, afinal, quem gostaria de ter um nome desses?
Jabez poderia ter sido uma pessoa amarga. Embora tivesse motivos para tal, ele não se tornou refém das coisas trágicas do seu passado, não tentou sequer mudar o próprio nome para algo mais apreciável. Em vez disso, ele preferiu buscar o Senhor, dizendo: “Oh! Tomara que me abençoes e me alargues as fronteiras, que seja comigo a tua mão e me preserves do mal, de modo que não me sobrevenha aflição!” (v.10).
Ao buscar o Senhor para ajudá-lo a viver com justiça, de forma que não causasse sofrimento ou dano a outras pessoas, isso fê-lo suplantar o significado do próprio nome e o tornou “ilustre” em sua geração.
A lição que aprendemos é que o valor de um nome depende da bênção de Deus em nos dar graça e confirmar os nossos passos. Depende também de como nós correspondemos ao propósito de Deus para a nossa vida. Depende igualmente das escolhas que fazemos, não de quão trágico foi o nosso passado ou de quão diferente seja o nosso nome.
Uma pessoa que já teve o seu nome “sujo na praça”, por causa de dívidas não pagas, experimenta uma estranha sensação de felicidade quando consegue sair do cadastro de devedores e, desse modo, ficar com o nome limpo. Quão infinitamente maior será a felicidade de ter o seu nome “limpo” diante de Deus e dos homens e se tornar uma pessoa ilustre na sua geração.
Volte-se para Deus agora mesmo e peça-Lhe para limpar o seu nome diante Dele. Ele pode mudar a sua vida, perdoando os seus pecados por intermédio de Jesus Cristo, cujo nome está acima de todos os nomes, e pode ajudá-lo a construir uma nova história e um nome que glorifique ao Pai que está no Céu.
Samuel Câmara
Pastor da Assembleia de Deus em Belém
E-mail: samuelcamara@boasnovas.tv