Um futuro melhor para o Brasil

A atual situação política e econômica do Brasil tem despertado grande interesse internacional, pois o que acontecer aqui pode influenciar várias nações Sul-americanas, para o bem ou para o mal. O Brasil está perplexo: como chegamos até aqui? Por que tanto desemprego? Onde estavam as autoridades, que deixaram as finanças públicas se depauperarem tão drasticamente? Como conseguimos perder mais de duas décadas de conquistas e ficamos mais pobres do que antes? Tem alguma luz no fim do túnel? Há alguma esperança ou futuro para o Brasil?

Depende de como olhamos o quadro todo. Depende de como enxergamos a questão. Depende de como entendemos e reagimos a esse espetacular momento de crise nacional.

Lembro-me de uma antiga história, quando um professor apresentou aos alunos na sala de aula uma grande folha de cartolina branca, com um ponto preto pintado na parte inferior, e perguntou: “O que vocês estão vendo?” Um por um, os alunos foram respondendo que viam “um ponto preto”.

Depois que todos falaram o professor deu-lhes a seguinte lição: “Se vocês forem para a vida com essa atitude, serão todos derrotados. Quem vê a vida pelo lado pior das coisas, sempre se machuca. Vocês se acostumaram a pensar pequeno, a ver apenas problemas, porque têm uma visão inferior de vocês mesmos. É verdade que há um ponto preto; mas isso não é tudo, há todo o resto branco da folha de cartolina. Não é toda ela branca? O ponto preto representa os problemas. A parte branca representa as possibilidades. Mudem a forma de ver os problemas. Vejam antes as possibilidades e só então vocês estarão prontos para vencer as lutas da vida!”.

De fato, quem só vê o lado ruim das coisas, perde a capacidade de viver o que a vida oferece de melhor. Quem assim procede centra-se nos problemas e nos sofrimentos que causam, em vez de ver as reais possibilidades à sua volta. Em lugar de se esforçar para mudar a situação, ajudando assim o mundo ao seu redor a melhorar, prefere colocar a culpa em Deus pelos males da vida.

É essa mesma atitude que leva os governantes a ficarem paralisados e ineficientes, centrando-se em colocar a culpa em seus antecessores em vez de construírem eles mesmos um melhor futuro para seus países. Talvez porque seja mais fácil ser discípulo de Sartre, e definir que “o inferno é o outro”. De fato, é mais fácil culpar “os outros” do que conseguir construir algo a partir dos escombros que a vida nos legou.

Para quem só vê o lado ruim das coisas, tudo o mais é motivo de irritação, contrariedade e desapontamento. Mas a irritação não solucionará problema algum e a contrariedade não alterará a natureza das coisas. Além disso, os desapontamentos que temos não fazem o trabalho que só o tempo e as decisões acertadas conseguirão realizar, tanto para consertarmos o que está errado como para sermos curados interiormente, tanto para vermos melhor as coisas como para tirarmos delas proveitosas lições para a vida.

O apóstolo Paulo tinha uma maneira particular de ver a sua difícil caminhada na vida. Ele dizia: “Uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que para trás ficam e avançando para as que adiante de mim estão, prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus” (Fp 3.13). Mire o alvo. Quem olha para o passado e pensa em demasia no que desejaria que tivesse acontecido, corre um risco semelhante ao de um motorista que olha em demasia pelo espelho retrovisor, atendo-se ao que se passa na retaguarda e descuidando-se do caminho à sua frente. Há grande possibilidade de uma desastrosa trombada.

A experiência é uma grande mestra, é a estrada já percorrida. Os destroços da retaguarda são o passado, parte da história. A despeito dos erros que cometemos e das atrocidades cometidas contra nós, nosso único caminho é continuar em frente. O que foi e o que poderia ter sido pode até servir como advertência, mas o que ainda pode acontecer deve ser o nosso primeiro motivo de preocupação.

O Brasil tem jeito. Há um mundo de boas possibilidades de sair da crise e retornar o país aos trilhos do desenvolvimento, com ordem e progresso, com justiça e paz, com esperança e dignidade. O governo provisório de Michel Temer, se conseguir demonstrar isso na prática, se tomar as medidas que precisam ser tomadas, se fizer as reformas que precisam ser feitas, se colocar o país de novo nos trilhos, então terá visto muito mais que um ponto pintado de preto.

Qualquer que seja o problema ou a dor que agora sentem os brasileiros, isto não impedirá que o sol brilhe amanhã sobre os bons e os maus. É bom lembrar também que o desânimo de alguns não edificará a ninguém, e a tristeza de muitos não servirá para iluminar os caminhos. As lágrimas não substituirão o suor que deve ser vertido em benefício da nossa própria felicidade. As reclamações jamais acrescentarão uma só grama de simpatia pela nossa vida.

É necessário aprender a ver cada situação como uma oportunidade de milagre de Deus na vida nacional. Saiba que Deus se importa com o Brasil, sabe do sofrimento do nosso povo e está disposto a nos ajudar. Este é o primeiro passo para manter uma atitude correta diante da perda que nos foi imposta ou dos problemas que a vida nos legou.

A Bíblia ensina: “Jesus Cristo é o mesmo ontem, e hoje, e eternamente”. Isso quer dizer que Jesus é o Senhor do nosso passado, do nosso presente e do nosso futuro. Há muitos homens e mulheres de Deus orando e trabalhando pelo nosso querido país, clamando por uma mudança. Nós é que vamos dizer se a mudança já começou. Estejamos, pois, prontos para prosseguir com segurança para o alvo de construir o melhor futuro para o Brasil que queremos.