Quase todos os homens que de algum modo participam do panteão de bons e amorosos pais, porque seus filhos os consideram “semideuses”, já ouviram de um filho querido a seguinte afirmação: “Papai, quando eu crescer, quero ser como você”. O pai que nunca passou por uma situação semelhante, certamente jamais poderá dimensionar os tremores por dentro que ela causa, nem a satisfação de ser correspondido no seu amor sem fronteiras com a inocência de um coração puro. Alguns pais não ligam. Outros se importam apenas como se fosse uma coisa engraçada. Mas todos os pais deveriam atentar para o que aquela bendita frase encerra em significado e extensão.
O pai que leva a sério tal afirmação inocente pode estremecer e se colocar a meditar sobre o tipo de pai que está sendo até então, assim como avaliar o exemplo que está passando a seus filhos. Certo pai que vivera situação semelhante fez a seguinte afirmação: “Desde que ouvi esta frase fiquei mais atento, para não dar exemplos de mera aparência, mas sinceros e consistentes, para que possam ser seguidos pelos meus filhos”.
Uma boa referência para ajudar nessa avaliação é lembrar-se de seu próprio pai, do exemplo que foi na vida, da influência que deixou. Bem ou mal, cada um de nós traz as marcas do pai e, não poucas vezes, as reflete no decorrer da vida. Isso é tão importante que a própria relação entre uma pessoa e Deus, o Pai celestial, pode ser afetada, positiva ou negativamente, a partir da realidade benéfica ou maléfica que é recebida como herança dos pais terrenos.
No Dia dos Pais, portanto, é bom que cada pai indague-se a si próprio: Que modelo eu sou para os meus filhos?
A resposta pode ajudar a determinar o legado que o pai deixará aos seus filhos, além de antecipar os tipos de filhos que legará ao mundo. O bom exemplo – falar a verdade, viver com fidelidade, andar em integridade – é um dos maiores legados que um pai pode deixar aos filhos. Infelizmente, não poucos pais têm transferido exclusivamente a outros agentes (estado, escola, babás, por exemplo) a formação moral e ética de seus filhos. Mas isto é um engano de custo altíssimo e de resultado duvidoso.
A Bíblia oferece a seguinte orientação: “Ensina a criança no caminho em que deve andar, e, ainda quando for velho, não se desviará dele” (Pv 22.6). Não basta, pois, apontar o caminho; é preciso andar com o filho “no caminho”, ou seja, dando a ele um bom exemplo na vida; é preciso viver e ensinar os valores morais e espirituais no burburinho da vida pública e privada, principalmente na vida comum do lar.
Lembro-me da história de um menino de doze anos que foi uma testemunha chave num processo judicial. Um dos advogados, depois de interrogá-lo longamente, perguntou: “Seu pai lhe disse o que responder, não foi?”. O garoto respondeu: “Sim!”
“Então nos diga, por favor, quais foram essas instruções?” – insistiu o advogado. O menino replicou: “Bem, papai me disse que os advogados iriam tentar me embaraçar; mas se eu fosse cuidadoso e falasse apenas a verdade, não iria cair em contradição”.
Além do moral dessa história – uma pessoa que fala a verdade não tem nada a esconder, mas a mentirosa paga um preço alto por sua desonestidade – há o indefectível exemplo de um pai que optou por ensinar ao seu filho o valor de andar no caminho da verdade. Não só porque uma mentira exige outra para encobri-la, e no final o mentiroso é apanhado em sua própria teia de engano, mas porque é a coisa certa a ser feita.
Meus pais me ensinaram a falar sempre a verdade, e nunca mentir, a despeito de quão doloroso ou difícil pudesse ser. Esse é o mesmo modelo que ensinei a meus filhos. Infelizmente, alguns pais teimam em oferecer exemplos danosos aos filhos, cuja herança fatalmente cobrará um alto preço.
Pense no atual cenário político nacional, com o Governo repetidamente envolto em graves denúncias de corrupção, com o Congresso desmoralizado por causa dos maus políticos. Não é preocupante o dano que isso causa aos jovens filhos dessa Pátria? O que dizer dos filhos e descendentes das pessoas envolvidas nos escândalos? Quando a conta dessa herança será apresentada à sociedade por aqueles que só aprenderam o desvalor de levar vantagem em tudo e a qualquer preço?
O pai que fura fila, que se aproveita dos incautos, que tenta levar vantagem indevida, que compra e não paga, que mente e engana, que dissimula e faz essas coisas como se fossem de somenos importância, porque acha que “todo mundo faz”, sim, esse tipo de pai certamente deixará uma herança maldita a seus filhos. O pai tem que pensar no preço de um bom ou mau exemplo, pois são seus filhos que conviverão com as conseqüências; são eles os principais candidatos à reprodução dos comportamentos de seus pais e dos juízos vindouros.
Você é pai? Então peça a ajuda de Deus, o Pai, para ser o melhor exemplo para seus filhos. A oração de cada pai, hoje, deveria ter este ultimato: “Ajuda-me, meu Deus e Pai, a ser aquele homem que eu desejo que o meu filho um dia se transforme”. Feliz Dia dos Pais!
Samuel Câmara
Pastor da Assembleia de Deus em Belém
E-mail: samuelcamara@boasnovas.tv