Pense na celebração do Natal. Responda: Onde esteve Jesus no “seu” Natal? Esta é, decerto, uma pergunta incômoda. Mas, vamos lá, foi recente, e você pode tentar respondê-la. Pense antes nas muitas e efusivas saudações natalinas que recebeu: tenha um feliz Natal; que o seu Natal seja maravilhoso; muito amor no seu Natal; viva o seu Natal cheio de alegria e paz… e muitas outras frases de efeito. Em suma, você pode responder o que quiser, e talvez ninguém questione as suas respostas. Mas o que ninguém poderá jamais explicar é que o Natal acaba sendo “seu”, e não do homenageado, “seu” somente (posto que de cada um), mas não de Jesus. Na maioria das vezes, Jesus nem de perto é mencionado, nem mesmo vagamente lembrado.
Assim é que, em quase todas as celebrações, Jesus não poderia estar presente, pois nem mesmo foi convidado. E Ele, como um Perfeito Cavalheiro, não se meteria onde não foi chamado.
E então, onde esteve Jesus no “seu” Natal?
Lembro-me da história de duas elegantes mulheres que almoçavam em um celebrado restaurante, daqueles em que a reserva é feita com muita antecedência. Uma amiga as viu, aproximou-se de sua mesa, cumprimentou-as e perguntou: “Qual a ocasião especial?”. Uma das mulheres disse: “É a nossa festa de aniversário para o bebê de nossa família. Ele faz dois anos hoje”.
A amiga olhou ao redor procurando a criança, mas as duas mulheres estavam sós. “Mas, onde está o bebê”, perguntou. A mãe da criança respondeu: “Ah, eu o deixei na casa de minha mãe. Ela cuidará dele até terminarmos a festa. Não teria a mínima graça se o trouxéssemos junto”.
Talvez você pense: “Que ridículo! Celebrar o aniversário de uma criança que não é bem-vinda em sua própria festa!”
Todavia, se você parar para pensar, isto não é tolice maior do que passar pela época do Natal, com todas as alegres festividades, sem, contudo, lembrar-se da pessoa cujo aniversário deveríamos estar homenageando. Fato é que, exatamente desse modo, não poucas pessoas celebram o Natal. A agitação natalina é garantida: festas, compras e trocas de presentes, reuniões familiares, almoços e jantares. E tudo isso é muito bom. Mas Aquele cujo aniversário está sendo comemorado é quase completamente esquecido. No máximo, há um lugarzinho num presépio, em algum canto, mas o Seu nome sequer é mencionado.
Precisamos nos lembrar de que Jesus, e somente Ele, é a razão do Natal. A festa deveria ser de Jesus. Mas parece que Ele não é bem-vindo em Sua própria celebração. Basta que vejamos o comportamento das pessoas, as propagandas natalinas, as decorações nas lojas etc. A festa é do menino Jesus, mas outros personagens alcançam toda a proeminência. Não somente o bom velhinho Papai Noel, mas também suas renas e duendes, sim, todos são mais populares que o próprio dono da festa.
Não creio que Jesus se incomode com isso. Nem eu também. Mas já pensou: você faz uma festa para o seu filho e, na hora-agá, o filho da vizinha é que recebe os presentes e todas as honras?
Fala-se de “espírito do Natal” promovendo bondade e alegria, mas o que acontece, na verdade, é que o próprio Jesus derrama a Sua graça sobre justos e injustos, sobre bons e maus, de modo que todo o clima de bondade e alegria aumenta substancialmente. Assim, pode haver sorriso amigo entre estranhos, sons de canções familiares, alegrias contagiantes a se confundirem com as luzes e enfeites, o sentimento gostoso de sentir-se melhor nesta época do ano. Mesmo que esses sentimentos sejam responsáveis pelo consumismo que distorce o real significado do Natal, Jesus não retira a graça que torna essa data tão especial.
Desse modo, por que Jesus não seria bem-vindo na festa que é somente Dele? As mulheres foram ao restaurante sem o bebê aniversariante porque “não teria a mínima graça” a presença dele ali. Possivelmente, a presença de Jesus teria sido extremamente embaraçosa para aqueles cujos corações estão longe Dele; e também não teria graça nenhuma para aqueles cujas vidas transitam avidamente nos “caminhos largos” do pecado.
O que teria acontecido se cada pessoa tivesse convidado Jesus para o “seu” Natal? Ou melhor: para o Natal Dele? Como teria se sentido diante da Sua presença magnífica e ao mesmo tempo simples? Talvez não tenha como saber, já passou.
Assim também, muitas pessoas necessitadas normalmente não têm como saber. Não podem sequer pensar em celebrar o Natal, não podem convidar Jesus para cear com eles, pois muitos não têm casa nem comida. Pelo menos para uma parte desses excluídos das festividades natalinas, a Assembleia de Deus em Belém preparou uma grande ceia de Natal ao ar livre para moradores de rua e pessoas necessitadas, em 520 locais públicos de Belém, quando então celebramos com mais de 25 mil pessoas e famílias, e nos alegramos na presença de Jesus. Eles não podiam convidar Jesus, nós levamos Jesus a eles. Parabéns a todos que procederam de igual modo.
Agora, voltemos à pergunta inicial: Onde Jesus esteve no seu Natal?
Se você ainda não tem resposta, antes de preparar o próximo Natal, pense em preparar primeiro o seu coração para receber Jesus como seu Senhor e Salvador. Porque aí é que a verdadeira festa começa. É isso que mudará o rumo da sua vida e lhe dará paz e alegria, tornando o Natal pleno de significado e importância para você e sua família.
Samuel Câmara
Pastor da Assembleia de Deus em Belém
E-mail: samuelcamara@boasnovas.tv