Uma geração que se acostuma com a anormalidade da corrupção e suas múltiplas injustiças sociais decorrentes, acaba por perder a capacidade de sonhar e se esforçar por dias melhores para seus pares e para as próximas gerações. Parece-me que isso explica por que sonhamos cada vez menos: descrédito da vida, desesperança no futuro, falta de sentido e propósito. Por isso são ainda menos aqueles que sonham os seus sonhos confiando Deus. Mas isso certamente não é algo novo.
A Bíblia nos relata que José, na sua geração, ousou sonhar seus sonhos confiando em Deus, os mesmos sonhos que seriam as diretrizes de toda a sua vida, pelos quais se dispôs a pagar um alto preço. A história de José está registrada em dez capítulos da Bíblia (Gênesis 37 a 47).
José teve sonhos tão nítidos e fortes que acabaram se tornando o grande anseio de sua alma e a mola propulsora de sua existência. No início, ele pensara que sua família lhe daria algum reconhecimento ou reverência por isto. Mas, ao contrário, seus irmãos o odiaram. Não obstante, José sonhava os sonhos que Deus lhe dera, que consistiam na promessa divina de que ele, um dia, seria alçado à posição de liderança e autoridade. Ele não sabia a dimensão e a extensão desses sonhos, mas cria que eram proféticos, e mantinha sua confiança em Deus.
Quando seus irmãos perceberam que José buscava as coisas de Deus e era aberto aos sonhos que Deus lhe dera para sua vida, por inveja e ciúme, lançaram-no numa cisterna para depois vendê-lo como escravo.
A lição que aprendemos é esta: quando temos um sonho dado por Deus, e alguém que está ao nosso lado não acompanha o nosso sonho; quando as pessoas não querem sonhar seus sonhos em Deus e acabam por ficar contra quem o faz, isto pode resultar em muitos sofrimento, lutas titânicas e dificuldades inomináveis.
Porém, quem sonha seus sonhos confiando em Deus é diferente dos demais. Não se trata de uma questão de aparência, mas de perspectiva. Não somente ele é visto de modo diferente, ele vê tudo de modo diferente, mesmo que a realidade aparente diga não, não importa se tudo o mais conspire contra sua caminhada na vida.
Temos alguns exemplos históricos icônicos recentes.
Em 1968, o norte-americano Martin Luther King, negro e pastor, mudou a história de seu país com a luta pela igualdade dos direitos civis para negros e brancos, contra o regime de segregação racial que vigorava nos Estados Unidos. Pacifista, ele lutou contra o “apartheid americano” com orações, passeatas, greves, negociações e muitos discursos. Como reconhecimento mundial, foi-lhe concedido o Prêmio Nobel da Paz.
O seu mais importante discurso foi celebrizado numa frase: “Eu tenho um sonho”. Ele sonhava com o dia quando os homens seriam julgados, não pela cor de sua pele, mas pelo seu caráter. O segredo da tenacidade de sua vida é que ele foi movido por este lema: “Eu tenho um sonho”.
Este era o sonho de Deus para a vida do Dr. King, e ele o vivia na confiança em Deus. Este tipo de sonho não é produto da imaginação, uma mera fantasia, ilusão ou quimera; é, antes, um desejo veemente, uma aspiração, cuja ideia, de tão dominante, é perseguida com interesse e determinação. Passados quarenta anos, ou uma geração, a América finalmente se dobrou ao sonho de Martins Luther King e elegeu um negro para presidir a nação mais próspera da Terra, fazendo de Barak Obama um fruto temporão deste sonho. O sonho de King se tornou realidade porque fortalecido e sustentado na sua confiança em Deus.
Em 1910, dois jovens suecos vieram ao Brasil porque receberam uma palavra de Deus e sonharam em ganhar o nosso país para Cristo. Confiando em Deus, Gunnar Vingren e Daniel Berg, em 1911, fundaram a Assembleia de Deus na cidade de Belém, agora centenária e presente em todos os rincões deste imenso país, sendo grande fonte de bênção para várias gerações. Seguindo seus passos, Samuel Nystrom, em 1918, fundou a Assembleia de Deus em Manaus, que agora também comemora o seu centenário. Meus mais efusivos parabéns!
Quantas vidas foram salvas, quantos perdidos resgatados, quantas histórias radicalmente mudadas, quantos novos sonhos vividos, tão somente porque esses jovens ousaram sonhar seus sonhos confiando em Deus.
De algum modo, isto é um poderoso lembrete à nossa geração.
Deus tem propósito e planos para cada pessoa, podendo conceder sonhos maravilhosos para cada um de nós, como os deu a José e ao Dr. King, e também a Berg, Vingren e Nystrom. Como é bom podermos sonhar os nossos sonhos confiando em Deus!
Deus está procurando alguém disponível para viver os sonhos que Ele tem preparado. Os sonhos de Deus são melhores que os nossos, porque são mais altos e mais sublimes e são perfeitos. Outra diferença é que os sonhos de Deus sempre se cumprem. Pode passar mais tempo, podemos sofrer ou ser incompreendidos, mas no tempo certo Deus vai finalmente cumpri-los.
Há sonhos e sonhos. Não devemos colocar os nossos sonhos em coisas passageiras e perecíveis. É preciso, antes, que compreendamos aonde os nossos sonhos podem nos levar. Sonhar os sonhos de Deus é incomparavelmente melhor, não tem prazo de validade e não possui nenhuma contraindicação.
Quando sonhamos os sonhos de Deus, as pessoas podem nos olhar de lado, nos chamar de fanáticos e de tudo o mais, podem nos colocar dentro de uma “cisterna” ou nos perseguir, mas nada devemos temer. Antes, devemos esperar o tempo de Deus, pois da cacimba Deus pode nos levar ao trono, ou ao lugar aonde Ele mesmo quiser.
Desejo e oro para que você viva os sonhos de Deus para sua vida, de modo que o mundo todo seja abençoado por isso.
Samuel Câmara
Pastor da Assembleia de Deus em Belém
E-mail: samuelcamara@boasnovas.tv
Samuel Câmara
Pastor da Assembleia de Deus em Belém
E-mail: samuelcamara@boasnovas.tv