Qual é a melhor forma de oração? Essa é uma questão incômoda, na medida em que não temos um medidor de aceitação de oração, um tipo celestial de oranômetro, especialmente porque não somos nós que supostamente mediríamos sua eficácia, mas sim o Deus a quem a dirigimos. Os fariseus, no tempo de Jesus, tentaram essa estratégia de conferir, eles próprios, importância a suas preces, mas foram, exatamente por isso, chamados de “hipócritas” por Jesus, uma vez que o faziam apenas para mostrarem aos homens o quanto eram “religiosos” e superiores aos demais “pecadores” (Mateus 6.5).
O apóstolo Paulo, sabendo da importância da oração, orientou a Igreja para que vivesse “com toda a oração e súplica, orando em todo o tempo no Espírito e para isto vigiando com toda a perseverança e súplica para todos os santos” (Ef 6.18). Ou seja, para ele, todo tipo de oração era válida, pois o pior dos mundos seria não orar. Ademais, ele indicava que a oração deveria ser um modo de vida, por isso disse: “orando em todo o tempo”, pois todo o tempo é tempo de orar. Devia tanto fazer parte de uma saudável rotina de vida, como deveria, ela mesma, ser um bom “costume” à parte.
Geralmente, há sete tipos fundamentais de oração. Três deles têm Deus como centro das nossas orações: ações de graças, louvor e adoração. São movidos por elevados e nobres propósitos, nem um pouco egoístas, de reconhecer e a graça e o cuidado de Deus, assim como Sua Soberania na nossa vida.
Em outros três, nós mesmos somos o centro das nossas orações: petição, dedicação e entrega. Estes testam categoricamente a nossa perseverança, em prosseguir confiando em Deus à medida que caminhamos na vida e esperamos a Sua provisão. Por isso Jesus disse: “Peça e você receberá; procure e você achará; bata, e a porta será aberta para você. Porque todo aquele que pede recebe; aquele que procura acha; e a porta será aberta para quem bate” (Mt 7.7,8). Peça até que apareça uma oportunidade; e quando a oportunidade surgir, busque ocasião de cumprir seus requisitos, até que ache uma porta; e bata até que a porta se abra e apareça a solução de que precisa.
Em apenas um tipo, a oração de intercessão, os outros é que são o centro da nossa oração. Na intercessão, nos colocamos entre a pessoa que precisa e o Deus que pode atender, e clamamos em seu favor, inclusive nos colocando como canal de resposta, se preciso for. Todo egoísmo sucumbe no altar do interesse pelo outro, pelo amor com que devemos amar o próximo.
Estes sete tipos de oração podem ser feitos de três formas distintas – privadamente, em concordância, ou coletivamente. A oração pode ser privada, a sós. Quando Jesus se retirava para montes ou desertos a fim de orar, Ele não tencionava apenas não ser interrompido, mas o fazia principalmente para falar ao Pai “em secreto” e alimentar a intimidade de Sua companhia (Mt 14.23; Mc 6.46; Lc 6.12).
Jesus nos ensinou a mesma lição que praticava: “Tu, porém, quando orares, entra no teu quarto e, fechada a porta, orarás a teu Pai, que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará” (Mt 6.6). Muito embora alguém possa estar no meio de uma multidão e, mesmo assim, se “isolar” para falar com o Pai, quando o seu coração está totalmente voltado para Deus, aqui Jesus fala necessariamente de relacionamento pessoal, de estar fisicamente a sós com Deus quando oramos. Não há nenhum lugar no mundo onde eu sou mais eu do que no privado do meu quarto. Você certamente é assim também. Ali, no privado do seu quarto, você pode se despir sem medo do próprio corpo. Ali, você também pode desnudar a própria alma e fazer disso sua expressão maior de comunhão com o Pai. Não há momento mais sagrado do que essa intimidade com Deus que lhe faz aceitar a si mesmo, a despeito de suas próprias imperfeições serem expostas diante da perfeição do Divino.
Se você tiver uma pessoa amiga na qual confia, pode orar a oração de concordância. Bastam duas ou três pessoas concordando sobre um assunto que pretendem colocar diante de Deus. Jesus ensinou: “Em verdade também vos digo que, se dois dentre vós, sobre a terra, concordarem a respeito de qualquer coisa que, porventura, pedirem, ser-lhes-á concedida por meu Pai, que está nos céus. Porque, onde estiverem dois os três reunidos em meu nome, ali estou no meio deles” (Mt 18.19,20). Assim, a oração de concordância é aquela quando as pessoas, de comum acordo, no mesmo pensamento e na mesma fé, apresentam um pedido a Deus, dentro da Sua soberana vontade.
Em algumas ocasiões, o Senhor Jesus perguntava aos que precisavam de cura qual era o desejo deles, para com isto gerar a concordância (Lc 9.28; Mc 10.51,52). Há outros fartos exemplos na Bíblia sobre isto: Pedro e João (At 3.1-3), Paulo e Silas (At 16.25-31). A oração de concordância é uma poderosa arma espiritual, gerada nas entranhas da unidade e da sinergia entre os “irmãos” envolvidos.
Graças a Deus que também a oração pode ser coletiva ou em grupo. É a oração de concordância multiplicada, quando um grupo de irmãos ou toda uma igreja local, unida no mesmo propósito, apresenta conjuntamente a sua petição. Deus opera poderosamente nesta forma, assim como o fez com a Igreja Primitiva, quando “unânimes levantaram a voz a Deus” em oração (At 4.24-31).
A melhor oração é orar. O pior que se faz é não orar. Portanto, ore, confie em Deus, e sempre espere por uma resposta.
Samuel Câmara
Pastor da Assembleia de Deus em Belém
E-mail: samuelcamara@boasnovas.tv
Samuel Câmara
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