Conta-se que, certa noite, João Wesley estava a caminho de casa, voltando do trabalho. Na estrada, apareceu dentre as trevas um homem, exigindo-lhe bruscamente o dinheiro ou a vida.
– Meu amigo – disse Wesley bondosamente, entregando-lhe tudo – talvez um dia o senhor deseje abandonar essa vida. Quando chegar esse tempo, lembre-se disto: “Cristo veio ao mundo para salvar os pecadores”; e também: “O sangue de Jesus Cristo nos purifica de todo o pecado”.
Anos mais tarde Wesley estava cumprimentando o povo, à porta da igreja. Um homem se aproximou e lembrou-lhe aquele incidente. Wesley bem se recordava do fato.
– Fui eu aquele salteador – disse o homem, humildemente – As palavras que o senhor me disse nunca mais me abandonaram. Minha vida foi transformada completamente! Descobri que, de fato, Jesus Cristo pode salvar o mais vil pecador.
Bendita certeza! O amor e a graça salvadora do Salvador convencem e convertem o mais indigno dos homens! E através dos séculos Ele tem trazido vida e esperança a milhões de pessoas que para Ele se voltaram.
Isso só ocorre porque Jesus Cristo é o nosso único e suficiente Salvador. E a salvação que Ele propicia é inteiramente pela graça, pois está escrito: “Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie” (Ef 2.8,9). E também: “Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal” (1Tm. 1.15).
Portanto, esta mensagem que agora escrevo, a endereço a você, se e somente se você considerar-se uma pessoa que é pecadora. É também para todo aquele que considera que Deus jamais retirou a Sua oferta de perdão dos nossos pecados. É igualmente para aqueles que consideram as boas novas, o Evangelho de Jesus, como uma mensagem apenas para pecadores.
Mas se você não se vê como uma pessoa pecadora e que precisa de salvação, eu gostaria ainda de argumentar sobre as respostas e desculpas que apresenta para não se achar pecadora.
Normalmente, muitas pessoas que não se veem como pecadoras que precisam de salvação apresentam desculpas assim:
“As minhas boas obras pesam mais do que as más”.
“Não sou tão ruim quanto algumas pessoas”.
“Geralmente sou uma pessoa boa”.
Se você é uma pessoa que tem esse tipo de argumento, é porque você sente que as suas fraquezas não põem em perigo a sua posição diante do Deus Todo-poderoso. Mas é exatamente isso que está pondo a sua vida em risco eterno, e seus argumentos não lhe deixam perceber esse perigo.
Agora, imagine uma pessoa sendo levada a julgamento por vários crimes de, por exemplo, roubar algumas vezes. Não seria de todo inútil apelar ao juiz dizendo: “As minhas boas obras pesam mais do que as más”? Ou então: “Senhor juiz, eu não sou tão ruim quanto muitas pessoas. A maior parte do tempo sou uma pessoa respeitadora da lei”?
Para que haja Justiça, o ofensor deve ser julgado de acordo com as ofensas, não de acordo com suas obras anteriores. Desse modo, para que a Justiça seja feita, alguém deve pagar. Esse alguém é, sem dúvida, o ofensor – a não ser que lhe seja permitido legalmente que outra pessoa tome o seu lugar.
Foi isso exatamente o que Cristo fez: por amor aos pecadores, Ele próprio se fez pecado por nós e recebeu sobre Si mesmo os nossos pecados e a punição deles merecida (2Co 5.21). Está escrito: “Todos pecaram e carecem da glória de Deus” (Rm 3.23). É exatamente por isso que o Evangelho, as boas novas de salvação, é apenas para pecadores.
O perdão dos nossos pecados é pela graça. A salvação é pela graça, ou seja, pelo favor de Deus que nós não merecíamos. Deus não somente nos criou; Ele também nos redimiu, nos comprou de novo, para sermos doravante exclusivamente Seus. Podemos afirmar: “Tu, ó Senhor, és nosso Pai; nosso Redentor é o teu nome desde a antiguidade” (Is 63.16).
Lembro-me da história do menino que construiu um barquinho com muito custo e esforço. Certo dia, brincando com seu pequeno barco num riacho, este se lhe escapou das mãos. O menino ficou à margem olhando tristemente o pequeno bote ser levado pela correnteza, até que sumiu se sua vista. Ele teve de voltar para casa, mas sem o seu barquinho. Aconteceu que, dias depois, viu o mesmo barquinho exposto na vitrine de uma loja. É que alguém o havia apanhado no riacho e vendido à loja. O menino, a muito custo, conseguiu o dinheiro que o vendedor pedira pelo barquinho. E ao readquiri-lo, todo contente, apertou-o junto ao peito pela rua afora, e disse: “Agora você é meu duas vezes. Fui eu que fiz você e também o comprei de volta. Agora ninguém mais poderá tirar você de mim!”
Do mesmo modo, nós pertencemos a Jesus, tanto por direito de criação como pelo poder da redenção. Somos Seus filhos, e a menos que prefiramos outra coisa, ninguém jamais nos poderá arrebatar de Suas mãos!
Jesus morreu na cruz para nos redimir. O próprio coração do Evangelho é a suprema verdade de que Deus nos aceita incondicionalmente quando colocamos a nossa confiança no sacrifício expiatório de seu Filho Jesus por nós na cruz. Apesar de sermos pecadores sem esperança, o próprio Deus, em Sua infinita graça, nos perdoa completamente.
É somente por Sua graça que somos salvos, não pelo caráter moral que julgamos ter, ou por boas obras que fazemos, ou por seguir rigidamente a lei, ou por frequentar uma igreja ou ter uma religião.
É pela graça de Jesus Cristo que somos salvos; e esta é somente para pecadores, dos quais eu sou o principal!
Samuel Câmara
Pastor da Assembleia de Deus em Belém
E-mail: samuelcamara@boasnovas.tv