Amanhã é o Dia dos Pais. Eu sou pai de três filhos, que para mim são verdadeiras bênçãos de Deus. Eu também sou filho, mas de um pai “ausente”, hoje, porque aprouve a Deus recolhê-lo para o descanso eterno. Este é o meu primeiro Dia dos Pais sem ele. Meus filhos, embora casados, ainda estão “perto” de mim. Lembro de quando nasceram, como foram crescendo, até que um dia “bateram asas” e se foram. Participei de suas vidas e, embora sempre muito ocupado, os amei o tempo todo e lhes dei o melhor de mim. Meu melhor lugar sempre foi o recôndito do meu lar, como minha esposa e filhos. E meus filhos sabem que podem contar comigo em todo o tempo, o tempo todo; que em qualquer circunstância, estarei à disposição deles.
Como mensagem do Dia dos Pais a todos os queridos papais do mundo, gostaria de contar uma parábola (de autoria desconhecida), que há muitos anos guardo comigo. Vou deixar que ela mesma fale ao coração de cada papai, como segue:
Quando Joel tinha somente cinco anos, a professora do jardim de infância pediu aos alunos que fizessem um desenho de alguma coisa que eles amavam. Joel desenhou a sua família. Depois, traçou um grande círculo com lápis vermelho ao redor das figuras. Desejando escrever uma palavra acima do círculo, ele saiu de sua mesinha e foi até à mesa da professora, e disse: “Professora, como a gente escreve…?”. Só que a professora não o deixou concluir a pergunta. Mandou-o voltar para o seu lugar e não se atrever mais a interromper a aula.
Joel dobrou o papel e o guardou no bolso. Quando retornou para sua casa, naquele dia, ele se lembrou do desenho e o tirou do bolso. Alisou-o bem sobre a mesa da cozinha, foi até sua mochila, pegou um lápis e olhou para o grande círculo vermelho. Sua mãe estava preparando o jantar, indo e vindo do fogão para a pia, para a mesa, incansável. Ele queria terminar o desenho antes de mostrá-lo para ela e disse: “Mamãe, como a gente escreve…?”. Mas a mãe o interrompeu e disse: “Menino, não dá para ver que estou ocupada agora? Vá brincar lá fora. E não bata a porta, foi a resposta dela”. Ele dobrou o desenho e o guardou no bolso.
Naquela noite, ele tirou outra vez o desenho do bolso. Olhou para o grande círculo vermelho, foi até à cozinha e pegou o lápis. Ele queria terminar o desenho antes de mostrá-lo para seu pai. Alisou bem as dobras e colocou o desenho no chão da sala, perto da poltrona reclinável do seu pai, e disse: “Papai, como a gente escreve…?”. Mas o pai o interrompeu, e disse: “Joel, estou lendo o jornal e não quero ser interrompido. Vá brincar lá fora. E não bata a porta”. O garoto dobrou o desenho e o guardou no bolso.
No dia seguinte, quando sua mãe separava a roupa para lavar, encontrou no bolso da calça do filho enrolados num papel, uma pedrinha, um pedaço de barbante e duas bolinhas de gude. Todos os tesouros que ele catara enquanto brincava “lá fora” de casa. Ela nem abriu o papel. Atirou tudo no lixo.
Os anos passaram… porque o tempo passa rapidamente, e nós, voamos. Joel cresceu – porque os filhos crescem rápido. Quando Joel, já perto dos trinta anos, estava com sua filhinha Ana, de cinco anos, ela lhe mostrou um desenho, que havia feito há pouco. Era o desenho de sua família. O pai sorriu quando ela apontou uma figura alta, de forma indefinida e lhe disse: “Este aqui é você, papai!”. A garotinha também riu.
O pai olhou para o grande círculo vermelho feito por sua filha, ao redor das figuras, e lentamente começou a passar o dedo sobre o círculo. Aninha desceu rapidamente do colo do pai e avisou: “Eu volto logo!” E quando voltou, com um lápis na mão, ela acomodou-se outra vez, sentada no colo do pai, posicionou a ponta do lápis perto do topo do grande círculo vermelho, e perguntou: “Papai, como a gente escreve amor?”
Joel a abraçou sua filha, tomou a sua mãozinha e a foi conduzindo, devagar, ajudando-a a formar as letras, enquanto dizia: “Amor, querida, amor se escreve com as letras: T – E – M – P – O (TEMPO)”.
A moral da história é fácil de entender. Conjugue o verbo amar todo o tempo; isto é, use todo o seu tempo para amar. Se você acha que trem pouco tempo, então use esse pouco tempo para amar muito. Porém, não se esqueça de que, para os filhos, em especial, o que importa é ter quem os ouça e opine, quem participe e vibre, quem conheça e incentive; em suma, quem realmente se importe com eles. Isso tem a ver com a qualidade do tempo que você, pai, dispensa aos seus filhos. Não espere os seus filhos terem de descobrir sozinhos como se soletra amor, família, afeição, bondade.
Por fim, lembre-se: se você, pai, não tiver tempo para amar, crie esse tempo, faça acontecer. Afinal, o ser humano é um poço de criatividade; e o tempo… ah, bem, o tempo… o tempo sempre é uma questão de prioridade; e prioridade, saiba disso, é essencialmente uma escolha! É isso que faz o amor se expressar: a escolha!
Escolha amar seus filhos. Tome tempo para amar!
Samuel Câmara
Pastor da Assembleia de Deus em Belém
E-mail: samuelcamara@boasnovas.tv