Muito já se tratou sobre a última e fragorosa derrota da Seleção Brasileira para o escrete Alemão na Copa do Mundo pelo elástico placar de 7 X 1. Desastre. Vexame. Vergonha. Falou-se, principalmente, que era “um dia para esquecer”, muito embora isso não seja possível. Tanto que uma garotinha de oito anos, sofrendo como as demais crianças brasileiras, ouvindo a repetição dessa frase, emendou: “Como esquecer, se a toda hora só falam nisso?”
De fato, não dá para esquecer, mas dá para tirar algumas preciosas lições. Não quero, porém, me deter sobre possíveis culpados, porque agora isso pouco importa; pois apontar culpados não nos consolará nem fará diminuir a nossa dor. Deixemos isso para os burocratas da bola. Fixemo-nos, portanto, nisso: o que aconteceu virou história, não dá mais para apagar; temos de aprender a conviver com esse fato e tirar dele as lições de que precisamos para seguir em frente.
A primeira grande lição que se pode aprender com uma ruidosa derrota é que, a despeito do baque e da humilhação, a vida continua. Os fracos são aqueles que desistem. Os fortes, depois do atordoamento, após o estado depressivo por ter sido lançado ao chão, sabem que precisam levantar a cabeça e planejar os próximos passos. Ficar revolvendo-se nas cinzas de uma ruína, entregar os pontos, jogar a toalha, desistir de lutar, não importa o clichê que se use, é sempre a pior de todas as escolhas.
É isso que a vida nos ensina. Temos sobejos exemplos de pessoas e também de equipes que superaram grandes perdas porque aprenderam com as derrotas ocasionais (que devem ser apenas isso: ocasionais!) as lições para os embates seguintes e conseguiram tirar força de onde não pensavam que tinham para enfrentar e superar os novos desafios.
Gostaria de evocar o exemplo de um famoso compositor. Filho de pai taberneiro e de mãe fiadora, ele enfrentou muitas adversidades até ser reconhecido como mestre da composição dramática. Embora tenha começado a compor aos nove anos de idade, sua carreira não começou com tanto sucesso. Foi somente no fim da vida que esse reconhecimento lhe foi conferido. Quando jovem, foi rejeitado pelo Conservatório de Milão porque não possuía conhecimento e cultura suficientes.
Depois disso, subitamente sua esposa morre e, posteriormente, seus dois filhos também. Tendo entrado em profunda depressão, num primeiro momento, ele decide abandonar a música para sempre. Mas após dois anos, emerge das sombras e recomeça a compor. Ele obteve tanto sucesso que a sua fama se espalhou pelo mundo. A escola que outrora o rejeitara teve seu nome mudado para Conservatório Verdi de Música.
Refiro-me a Giuseppe Verdi, autor das óperas: Otello, La Traviata, Rigoletto, Il Travatore, Aída, entre outras. Ele tornou-se o maior músico italiano do século XIX. A história de Verdi reflete, em maior ou menor grau, a experiência de muitas pessoas que não se dobraram diante das adversidades, não abandonaram seus sonhos e perseguiram tenazmente suas metas na vida.
Não é incomum que enganos sejam cometidos a respeito de uma pessoa, ou de uma equipe, achando que acabou, e não mais vencerá. Algumas vezes isso ocorre por ignorância, ou puro ceticismo, ou mera inveja. Alguns, por causa da crítica ácida ou da rejeição temporária, são “abatidos em pleno voo” e, por fim, desistem dos seus sonhos. Outros, por acreditarem que não poderiam viver sem “isso” ou fazendo algo diferente, insistem e vencem. O que de fato diferencia essas pessoas?
Temos aqui outra preciosa lição a ser aprendida. É a nossa resposta, se ação ou reação, que realmente faz diferença no final. Quando reagimos, partimos dos estímulos, e não das nossas convicções. Somos levados na enxurrada de emoções que esses estímulos facultam e a nossa estrutura interior é alterada para responder a esses estímulos. E quase sempre respondemos erradamente, porque partimos não das nossas convicções interiores, mas dos estímulos exteriores.
Porém, quando agimos, partimos do que somos e não do que esses estímulos instam para que o sejamos, e mantemos o senso de equilíbrio interior. Em função de sabermos o que somos e quais convicções próprias temos, recusamo-nos a retribuir injustiça com malevolência, ou incivilidade com maledicência; vencemos o mal com o bem e, assim, nos mantemos senhores de nossa própria conduta.
Fico a pensar sobre o que aconteceria se Jesus tivesse assimilado passivamente a rejeição e dado ouvidos às críticas injustas que recebeu? Onde estaríamos e para onde andaria a humanidade? Jesus foi rejeitado por Seus compatriotas porque estes não achavam que Ele tivesse instrução adequada ou que fosse de “boa família”. Mesmo tendo falado a verdade de forma poderosa e irrefutável, mesmo Suas obras maravilhosas tendo falado por si mesmas, Ele não recebeu o devido reconhecimento. Pedro pediu que Ele desistisse, os fariseus tentaram pará-lo, os romanos o prenderam e o condenaram. Mas Ele seguiu em frente, enfrentando todo tipo de injustiça e a morte. Por fim, Ele ressuscitou, venceu a morte, tendo realizado assim uma eterna salvação para todos aqueles que creem em Seu nome.
Portanto, agora é hora de levantar a cabeça e seguir em frente. Força Brasil! Avante brasileiros! Portanto, viva os seus sonhos, lute por eles! Nunca desista, faça a sua parte e seja um vencedor! E que Deus nos abençoe!
Samuel Câmara
Pastor da Assembleia de Deus em Belém
E-mail: samuelcamara@boasnovas.tv