Ajuntai tesouros no Céu

pr_samuelSe há um lugar onde, normalmente, nenhuma pessoa com um mínimo de tino comercial e bom senso para os negócios pensaria em colocar seus tesouros seria exatamente o Céu. Por quê? Porque talvez achem que o Céu é um lugar “só para religiosos carolas”; ou quiçá o considerem “um lugar chato e sem graça”; ou porventura pensem que é “uma completa perda de tempo”; ou por acaso tenham decidido que “o Céu pode esperar”.

Todavia, o conselho para “ajuntar tesouros no Céu” foi concedido gratuitamente pelo maior Conselheiro de investimentos eternos, o próprio Deus e Salvador Jesus Cristo, o único que veio do Céu e o conhece tão profundamente, a ponto de incentivar generosos investimentos ali. Mas como poderemos acumular tesouros no Céu?

Pensemos no que Jesus disse: “Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra, onde a traça e a ferrugem corroem e onde ladrões escavam e roubam; mas ajuntai para vós outros tesouros no céu, onde traça nem ferrugem corrói, e onde ladrões não escavam, nem roubam” (Mt 6.19,20).

Para Jesus, estar focado apenas em ajuntar tesouros na terra traria suas preocupações correspondentes, sob o constante temor das perdas de capital por prejuízos financeiros (traça) ou decorrentes de surtos inflacionários (ferrugem), somado ao medo da ação nefasta de ladrões e corruptores. Jesus afirmou que, antes, devemos estar focados em ajuntar os nossos tesouros no Céu, e o disse pela seguinte razão: “Porque, onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração” (Mt 6.21).

O foco deve estar no Céu, mas as ações devem ser feitas aqui na terra. Do contrário, seriam alienação social e escapismo religioso. Ajuntam-se tesouros no Céu quando as ações são o resultado da estrita obediência a Deus aqui na terra. Note-se que, quando Jesus proferiu essas palavras, estava no meio de Sua mais famosa pregação, conhecida como Sermão do Monte.

Ajuntar tesouros no Céu era o corolário que condensava toda a pertinência de Sua mensagem. Ele falava do exercício da justiça, não para obtenção do reconhecimento de homens, mas o de Deus, que daria a devida recompensa. Falou do exercício da misericórdia em ajudar os necessitados. Esclareceu que a espiritualidade que agrada a Deus é a de um coração sincero, não a do formalismo religioso. Ensinou a célebre oração do Pai Nosso, cuja essência é o cuidado de Deus por todos os aspectos da nossa vida. Indicou que o caráter é o maior patrimônio de uma pessoa, cujo valor decorre do que ela é realmente, não do que aparenta ser. E, por fim, orientou que não se deveria ficar preocupados com coisas ou sustento pessoal, antes, estabeleceu que se deveria buscar “em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas” (Mt 6.1-34).

Em suma, ajuntar tesouros no Céu tinha a ver com viver a plenitude da vida com os valores espirituais do próprio Céu, não com as vãs filosofias daqui da terra, por mais utilitárias que pudessem parecer.

Estranhamente, o Céu desperta em nós os sentimentos mais contraditórios, algumas vezes bizarros. Embora seja um lugar onde nunca estivemos, podemos sentir saudades de lá. Alguns pensam que no Céu, por ser um lugar de descanso, nada há para fazer. Há pessoas que pensam tanto no Céu que não conseguem se sair bem aqui na terra, alienados como se não vivessem neste mundo.

Precisamos, com efeito, estabelecer uma apropriada consciência a respeito do Céu, principalmente se quisermos acumular ali o nosso tesouro. Essa consciência levou o escritor cristão C. S. Lewis a escrever: “Se você estudar história verá que os cristãos que fizeram mais pelo mundo presente foram justamente aqueles que mais pensaram no mundo futuro. Os próprios apóstolos, assim como os grandes homens que construíram a Idade Média, os ingleses evangélicos que aboliram a escravatura, todos deixaram suas marcas na terra, precisamente porque suas mentes estavam ocupadas com o Céu. E foi desde que os cristãos deixaram de pensar no outro mundo que se tornaram tão ineficientes em fazer isso. Tenha o Céu como objetivo e você terá uma terra engrenada”.

Uma ação que resultará decerto em grandes tesouros no Céu é a nossa obediência à ordem de Jesus de pregar o evangelho a toda criatura e levá-las a conhecer o Evangelho da salvação de Deus (Mc 16.15). Quanto mais pessoas ajudarmos a levar para o Céu, mais tesouros ajuntaremos lá.

Charles H. Spurgeon, o príncipe dos pregadores ingleses do século XIX, escreveu: “Uma razão por que alguns santos sentirão o Céu mais completamente do que outros é que eles fizeram mais pelo Céu do que outros. Pela graça de Deus, eles foram capacitados a levarem mais almas para lá”.

Cada um de nós deve pensar nisto: quantos estarão no Céu por minha causa?

Todo o bem que fizermos em nome do Senhor resultará em tesouros ajuntados no Céu. Mas o maior bem de todos é levar outras pessoas ao conhecimento de Jesus como único Salvador. Essa é a melhor forma de se acumular tesouros no Céu.

 

Samuel Câmara

Pastor da Assembleia de Deus em Belém
E-mail: samuelcamara@boasnovas.tv