De início, é importante salientar que há dois tipos de pessoas: as que estão tentando ser salvas a partir dos seus próprios esforços, ou seja, praticando boas obras para merecerem a salvação; e aquelas que, para a sua salvação eterna, confiam inteiramente em Cristo e na obra que Ele realizou na cruz do Calvário. Todavia, para estar em qualquer um desses extremos é preciso fazer uma escolha pessoal. E essa questão de como se pode chegar ao Céu, convenhamos, é uma daquelas situações que têm duas alternativas. O que há comum nas duas é que, enquanto estamos decidindo qual opção escolher, descobrimos que já estamos em uma delas.
Agora, imagine que, numa noite escura, você está velejando em alto mar e um navio enorme está vindo em sua direção, já bem próximo. Você tem duas opções diante de si: primeiro, pegar uma boia e saltar no mar para salvar sua vida; segundo, ficar para tentar fazer uma manobra impossível para salvar o barco e a vida. Bem, uma coisa é certa: enquanto você pondera a respeito dos prós e contras das duas opções, já está envolvido numa escolha — você está dentro do barco e o navio está se aproximando.
Para se chegar ao Céu, é preciso fazer uma escolha entre o caminho da religião e o caminho de Cristo. Todas as demais religiões pregam que devemos fazer algo para nos elevarmos a um estágio superior e, assim, chegarmos Deus. O que elas pregam pode ser resumido numa só palavra: “faça”. O Evangelho, por outro lado, traz a mensagem básica de que não devemos (nem podemos) fazer algo. Antes, anuncia que tudo está “feito”. Desse modo, o Evangelho acaba sendo a antítese de todas as religiões do mundo.
Não foi sem propósito que as últimas palavras de Jesus na cruz foram: “Está consumado!”. Um fato notável é que a palavra grega proferida por Jesus em seu último alento (“tetelestai”) era usada geralmente em transações comerciais, cujo significado era: “completamente pago”. Em suma, isso quer dizer que Jesus já pagou toda a dívida dos nossos pecados. Agora, em contrapartida, todos os que confiam inteiramente Nele podem ser completamente perdoados e, assim, obter gratuitamente (pela graça, mediante a fé em Cristo) o livre acesso à vida eterna.
Há quem pense que, para se entrar no Céu, é preciso apenas ser bonzinho, fazer boas obras… e pronto! Passaporte carimbado!
Lembro-me que um ministro do Evangelho e sua esposa foram convidados para jantar na casa de uma das famílias de sua igreja, juntamente com outras pessoas. Ele sentou-se perto de uma das cabeceiras e, à sua frente, estava a mãe da anfitriã, que lhe disse:
— Ah, pastor, que bom que estou sentada à sua frente, porque há uma pergunta que eu sempre quis fazer a um ministro. Ele replicou:
— Muito bem, ficarei feliz em tentar respondê-la. Espero que não seja muito difícil… mas o que é? Então ela lhe disse:
— Quão boa uma pessoa precisa ser para poder entrar no Céu?
O pastor pensou que esta era uma pergunta que muitos deviam estar fazendo a si mesmos, e que não eram poucos os que se preocupavam com isso. Porém, aquela senhora pelo menos teve inteligência o bastante para concluir que, se as pessoas vão para o Céu por serem boas, então alguém deveria perguntar quão bom é o bastante para se chegar lá. De fato, ela queria saber qual seria a nota mínima para passar no teste. Ele lhe disse:
— É essa a pergunta? Ora, isso é fácil.
O rosto da distinta senhora se iluminou por ele saber a resposta. Ele concluiu:
— Esta é a pergunta mais fácil de responder. A senhora nunca mais vai precisar se preocupar com essa pergunta, pois a partir de hoje saberá a resposta. Ela lhe disse:
— O senhor nem imagina como estou aliviada. Venho me perguntando isso há anos. Qual é a resposta? Ele respondeu:
— Jesus deu a solução de maneira bem clara e inteligente, quando afirmou: “Sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai celeste” (Mt 5.48). Já que nenhum de nós é perfeito, nem pode corresponder ao padrão de Deus, e todos estamos muito aquém disso, Jesus Cristo veio fazer o que éramos incapazes de realizar. A lei de Deus mostra a nossa condição de desamparo e desesperança. Ela indica que se transgredimos em um único ponto já somos culpados de todos os outros; além disso, isso nos levaria imediatamente ao julgamento, onde veríamos o inexorável final de nosso processo. No final, todos nós seríamos condenados.
O sorriso deixou o rosto daquela mulher. Ela parecia um daqueles personagens de desenho animado que acaba de ser atingido por uma panela. Seu rosto parecia ter caído sobre a mesa, e ela ficou sentada ali em silêncio por um longo tempo. Então, ela lhe disse:
— Acho que agora me preocupo com esta pergunta mais do que antes.
Não seja como essa mulher, não se preocupe inutilmente, apenas creia, pois o Evangelho é a boa notícia de que tudo já foi realizado por Jesus Cristo. Para se chegar ao Céu, portanto, é preciso apenas fazer a escolha certa: a de obedecer ao caminho de Deus. Você já fez a sua escolha?
Samuel Câmara
Pastor da Assembleia de Deus em Belém
E-mail: samuelcamara@boasnovas.tv