As nossas crianças estão em perigo. Sempre estiveram, mas muito mais agora, com essa famigerada “ideologia de gênero” e todo o escopo de degradação moral que ela carrega consigo, principalmente a confusão de identidade e a erotização precoce das crianças. Esse é um ataque do Inferno que precisa ser combatido por todas as famílias. Os libertinos imorais que levantaram essa bandeira maldita no mundo todo sabem que se conseguirem desvirtuar as crianças, então será apenas o passo de mais uma geração para que a família como nós a conhecemos tenha o seu futuro totalmente comprometido e desvirtuado.
Precisamos de um ponto de partida seguro. Quero, portanto, evocar o exemplo do tratamento que Jesus destinou às crianças.
Depois de uma dura jornada de trabalho, Jesus volta para casa a fim de descansar com seus discípulos. Nesse momento, alguns pais trazem suas crianças para que Jesus as abençoe, mas os discípulos os repreendem severamente. Decerto, a hora era inoportuna, eles mereciam descansar. Mas não era o que Jesus pensava.
Em vez de concordar com os discípulos, Jesus, vendo como eles tratavam as crianças, indignou-se e disse-lhes: “Deixai vir a mim os pequeninos, não os embaraceis, porque dos tais é o reino de Deus. Em verdade vos digo: Quem não receber o reino de Deus como uma criança de maneira nenhuma entrará nele. Então, tomando-as nos braços e impondo-lhes as mãos, as abençoava” (Mc 10.13-16).
É importante vermos, nesta narrativa, as crianças como elas geralmente são: irreverentes, inquietas, nunca andando, mas sempre correndo, raramente silenciosas e quase sempre barulhentas. Tudo o que elas queriam era chegar perto de Jesus, tocar Nele, sentar no Seu colo.
Foi neste ponto que os discípulos se descobriram como “guarda-costas” de Jesus, embora isto implicasse em excluir as crianças de serem abençoadas. Eles não perguntaram se Jesus queria tocar as crianças e abençoá-las, ou se elas estavam atrapalhando com sua correria e vozerio. Eles simplesmente decidiram pelo Mestre.
Mas Jesus fica indignado. Então, Ele transmite uma lição muito clara: o reino de Deus é das crianças; e qualquer adulto que deseje entrar nesse reino deve se tornar como uma criança. Em outras palavras: a religião que realmente conta é aquela que prioriza as crianças, que as instrui no caminho do Senhor, que as faz participantes das bênçãos dos céus, pois elas são o padrão de aferimento para entrada no reino de Deus.
Não é incomum as crianças serem esquecidas ou repreendidas. Principalmente quando elas irritam os “guarda-costas” da religião. Foi o que aconteceu quando Jesus chegou a Jerusalém e as crianças cantavam em sua homenagem: “Hosanas ao filho de Davi” (Mt 21.15-16). Os “guarda-costas” da religião ficaram indignados com Jesus porque não repreendida aquelas irreverentes crianças. Mas Jesus simplesmente respondeu que era da boca das crianças que Deus tirava o perfeito louvor.
Não são poucos, infelizmente, os que deixam de dar a devida atenção às suas crianças. Mas é nessa fase da vida que se forma o caráter de uma pessoa e, por conseguinte, de uma geração inteira. As crianças passaram a ser alvo preferencial do inferno, através de adultos malfazejos, que sem piedade lhes destroem a inocência e a felicidade com drogas, abusos sexuais, violência doméstica, crimes, confusão de identidade de gênero, abandono nas ruas, descuido das famílias e outras mazelas.
Lembro-me da triste história de um pai que esqueceu sua filhinha trancada no próprio carro. Ele deveria deixá-la na creche antes de ir para o trabalho, mas como estava muito preocupado com seus afazeres, acabou esquecendo-a. Deixada sozinha no carro, por causa do calor excessivo, ela acabou morrendo desidratada. Essa dolorosa lembrança acompanhará esse pai para sempre.
Enquanto esse pai, inadvertidamente, esqueceu sua filha, muitos outros pais estão esquecendo deliberadamente seus filhos — seguindo tão somente seus desejos egoístas. Os pais esquecem-se dos filhos quando não acompanham o que seus filhos aprendem na escola, quando se envolvem em falcatruas, quando se deixam corromper por algumas benesses financeiras, quando traem seu cônjuge ou mantém caso extraconjugal, quando se entregam aos prazeres pecaminosos, quando se afundam no trabalho, quando se dão a inúmeras outras distrações em detrimento de suas crianças. Enquanto isso, seus filhos são deixados sem a orientação que somente os pais podem dar.
Infelizmente, não poucos pais têm transferido exclusivamente a outros (ao estado ou à escola, por exemplo) a formação moral e ética de seus filhos. Mas isto é um engano de custo altíssimo e de resultado duvidoso. As escolas não devem dar educação sexual aos nossos filhos, nem confundir suas cabeças com identidade de gênero; sua função é tão somente ensinar todas as matérias básicas do conhecimento científico.
A Bíblia oferece a seguinte orientação aos pais: “Ensina a criança no caminho em que deve andar, e, ainda quando for velho, não se desviará dele” (Pv 22.6). Não basta apontar o caminho, é preciso andar com os filhos “no caminho”, ou seja, dando o exemplo e vivendo e ensinando os valores morais e espirituais de que eles precisam.
Se quisermos ensinar os nossos filhos um bom caminho, devemos primeiro conhecê-lo. Você já conhece o caminho para Deus? Comece por buscar conhecer aquele que disse: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida” (Jo 14.6). Assim, leve seu filho por esse caminho e vá junto com ele. Você tem mais experiência e pode mostrar os perigos e as belezas da estrada. Quando seu filho crescer, então poderá ir sozinho, ou levando com ele seus próprios filhos.
Todos os dias são Dia das Crianças, não apenas o 12 de outubro. “Os filhos são herança do Senhor”, portanto, são para sempre. Não abdique jamais do seu cuidado e da sua instrução no caminho da verdade e da justiça, como quem terá de prestar contas a Deus. Faça o dever de casa, pois assim estará contribuindo não somente para sua família ser feliz, mas também para termos um Brasil melhor.
Samuel Câmara
Pastor da Assembleia de Deus em Belém
E-mail: samuelcamara@boasnovas.tv
Samuel Câmara
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