Vote na celebração mais importante


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Se nos fosse dado escolher, pelo voto, que celebração do mês de Outubro é a mais importante, em qual “candidato” você votaria? Há, certamente, várias candidaturas, cada qual com sua gama de argumentos sociológicos, históricos, religiosos, culturais, econômicos etc. São seis os protagonistas principais, ordenados abaixo por um sorteio que fiz: 1 – Dia dos Professores. 2 – Dia da Reforma Protestante. 3 – Dia de Aparecida. 4 – Círio de Nazaré. 5 – Dia das Bruxas. 6 – Dia das Crianças.

O “tribunal” de nossas escolhas, obviamente, é o nosso próprio coração, e todo juízo deve ficar restrito unicamente à escolha íntima e pessoal de cada “eleitor”, que pode justificá-lo se quiser, todavia não cabendo argumentação ou ressalva de qualquer natureza de quem pense diferente ou contrário. E nossas escolhas, quaisquer que sejam as motivações, revelam o que vai dentro de cada coração, e demonstram o valor que damos às causas que embalam a nossa vida. Parafraseando Jesus, “o voto fala do que está cheio o coração”.

De minha parte, de antemão, elejo com diferença disparada o “Candidato 6 – Dia das Crianças”, e justifico a minha preferência. É nesta fase da vida que se forma o caráter de uma pessoa e, por conseguinte, de toda uma geração. As crianças passaram a ser alvo preferencial das portas do inferno, através de adultos malfeitores, que sem piedade lhes destroem a inocência e a felicidade com drogas, abusos sexuais, violência doméstica, crimes, abandono nas ruas, descuido das famílias e outras mazelas.

O que antes só se ouvia falar acontecendo predominantemente com os adultos, hoje o nível baixou tanto, o pecado se aviltou de tal maneira, que crianças recém-nascidas já são as vítimas preferidas dos pedófilos e dos rituais de magia negra ou de venda de órgãos.

O Inimigo de nossas almas sempre tramou contra as crianças, pois sabe que se conseguir deturpar o seu caráter, dificultar o seu futuro ou simplesmente destruí-las, terá enfim derrotado uma geração inteira.

No êxodo do povo de Israel do Egito, há cerca de 3.500 anos, Faraó enxergou essa questão. Moisés queria sair com todo o povo do Egito, mas Faraó lhe disse para adorar a Deus no deserto somente com os adultos, e que deixasse as crianças. Faraó entendia que isso não somente dificultaria sobremaneira o futuro do povo de Israel, mas também lhe proveria escravos leais e totalmente identificados com ele no futuro. (Leia Êxodo 10.9-11.)

Isso pode parecer figurativo para nós, hoje, mas é exatamente o que tem ocorrido nas ruas e praças de nosso querido Brasil. Um “outro Faraó” tem tentado impedir o futuro de nossas crianças, assim como gerado escravos leais, mas isso passa despercebido.

Governantes insensíveis e líderes despreocupados com o futuro das crianças, “apoiados” por pais omissos e irresponsáveis, são todos protagonistas a serviço do Faraó da malignidade. Biblicamente falando, Faraó é um tipo de Satanás, o ladrão milenar de todas as gerações. De acordo com o vaticínio de Jesus, esse ladrão “vem somente para roubar, matar e destruir” (Jo 10.10).

Há lugares neste país em que o tráfico de drogas utiliza crianças não somente como “aviões”, ou transportadores de drogas, mas também como “soldados”, colocando armas de fogo de grosso calibre em suas mãos. Uma dessas crianças, perguntada numa reportagem por que vivia assim, disse: “Não tem jeito, eu sei que vou morrer cedo e estou aproveitando a vida”.

Crianças nos semáforos pedindo esmolas, ou dormindo nas marquises dos prédios, ou cheirando cola, ou fumando crack, é fruto do abandono dos pais e das famílias, mas também é falta de interesse do poder público. Isso também é responsabilidade de toda a sociedade, pois é esta que vai pagar futuramente a altíssima conta.

As igrejas também precisam investir nas crianças. Muitas vezes estamos focados preferencialmente nos adultos, achando que ganhá-los para Cristo é uma grande coisa, embora não deixe de ser. Mas levar uma criança a Cristo tem potencialmente muito maior ganho.

O grande evangelista Moody contou que, após o apelo numa de suas campanhas de evangelização, vieram à frente duas pessoas: um velho e uma criança. Ele então falou: “Aqui estão um velho e uma vida inteira para Cristo”. Precisa dizer mais? Paulo lembrou ao jovem Timóteo, em carta, que “desde a infância” ele sabia as sagradas letras, que podiam torná-lo sábio para a salvação pela fé em Cristo Jesus (2Tm 3.14-15). E que diferença fez Timóteo na vida de muitas pessoas!

Tomara que neste mês de Outubro nossas ações como pessoas, como igreja e nação provem que preferimos ser responsáveis por nossas crianças. Ao pensamos assim, nos identificamos com Jesus, que dava especial atenção às crianças. Ele disse: “Deixem as criancinhas virem a mim e não as impeçam”; “Quem não se fizer como uma criança não entrará no reino de meu Pai”; “Ai de quem fizer tropeçar a um destes pequeninos que creem em mim”.

É hora de se fazer algo sério em favor das crianças, principalmente das que estão nas creches, orfanatos ou abandonas nas ruas. Na Assembleia de Deus em Belém, a Missão com Crianças tem feito um bom trabalho. Estamos sempre em campanha para ajudar as crianças, inclusive apoiando outros trabalhos que prestam relevantes serviços aos pequeninos.

As crianças, a meu ver, certamente vencem as outras celebrações “candidatas” do mês, principalmente porque todo dia é dia de cuidar das crianças. Eu voto nas crianças!

Samuel Câmara

Pastor da Assembleia de Deus em Belém

E-mail: samuelcamara@boasnovas.tv