O que eu ganho com isso?


pr_samuel

Certo homem “importante” se gabava de como tinha conseguido “quase tudo” na vida. Ele se jactava sobre sua vida, seus casos amorosos, o dinheiro que havia ganhado por levar vantagem em tudo e sobre todos (inclusive oriundo de corrupção, mas isso ele não falou), afirmando que só cria na vida aqui e agora. O negócio dele era ficar rico, não importando o preço a pagar, desde que gozasse dos prazeres “proibidos” e se desse bem na vida.
De repente parou, quando um colega seu passava, e mudou de assunto: “Estão vendo aquele homem? Ele é sério e honrado, vive com a mulher e não tem amante. Mas ele é pobre, e ainda diz que é honesto. É religioso e se diz obediente aos mandamentos de Deus. Ora essa, quando morrermos, todos nós iremos para o mesmo lugar. Lá em cima, eu vou morrer de rir dele, pois não viveu a vida. Ora, quem consegue guardar os mandamentos de Deus? E o que ele ganhou com isso? E cantarolou: “Besta é tu! Besta é tu! Besta é tu! Besta é tu! Não viver nesse mundo. Besta é tu! Besta é tu!… Se não há outro mundo… Porque não viver? Besta é tu.”
Esses personagens são fictícios, assim como inverossímil é a história. Mas bem que poderia ter acontecido. E, todos nós sabemos, acontece sempre. Geralmente, gente prepotente como esse homem “importante” só floresce e aparece quando campeia a impunidade; quando todos são iguais perante a lei, mas desiguais diante do juiz; quando a justiça é fraca, e o direito, torcido; quando o sistema conspira para amparar os poderosos, a despeito de seus delitos.
Todavia, essa questão de se vale a pena ou não guardar os mandamentos de Deus é bem antiga. Há cerca de três mil anos, foi levantada por um personagem real, um homem chamado Asafe, embora com motivação totalmente diferente da anterior. Era um homem íntegro e respeitado, o segundo maior salmista depois do rei Davi, tendo composto doze salmos na Bíblia. Não obstante crer firmemente na bondade de Deus para com Seus filhos, Asafe confessa que chegou a ter tanta inveja dos soberbos, por causa da prosperidade dos ímpios, que ele quase se desviou dos caminhos de Deus. “Quase se resvalaram os meus pés” — ele bradou.
Esses ímpios achavam que Deus não se importava, e diziam: “Como sabe Deus? Acaso, há conhecimento no Altíssimo?” (Leia o Salmo 73.)
Asafe ficou tão perturbado que chegou a pensar que de nada importava purificar o coração e lavar as mãos na inocência. “Besta é tu” lhe cairia bem nessa hora. Sua preocupação era legítima, mas mal focada. Tal como a das pessoas que vivem com seriedade diante de Deus, mas que, em razão de verem tanta coisa errada, acabam se desanimando pelo caminho.
Então, atribulado, Asafe tratou com Deus sobre o assunto. Quando ele entrou “no santuário de Deus”, então atinou “com o fim deles”, e disse: “Tu certamente os pões em lugares escorregadios e os fazes cair na destruição”. Ele também entendeu que valia a pena guardar os mandamentos de Deus, e afirmou o seu destino: “Tu me guias com o teu conselho e depois me recebes na glória”.
De fato, o destino dos que se banqueteiam em iniquidade e se locupletam na corrupção, desdenhando dos mandamentos de Deus, será a perdição eterna. Espero sinceramente que ainda dê tempo de os “poderosos” corruptos se arrependerem, acertarem as contas com a Justiça, e clamarem pela misericórdia de Deus, não necessariamente nessa ordem.
Para que o nosso coração não se desvaneça, Jesus deixou sete promessas que identificam as vantagens temporais e eternas para quem guarda os mandamentos de Deus:
Jesus se manifestará a ele. “Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado por meu Pai, e eu também o amarei e me manifestarei a ele” (Jo 14.21).
Será comparado ao homem prudente. “Todo aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as pratica será comparado a um homem prudente que edificou a sua casa sobre a rocha; e caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e deram com ímpeto contra aquela casa, que não caiu, porque fora edificada sobre a rocha” (Mt 7.24-25).
Será morada de Deus. “Se alguém me ama, guardará a minha palavra; e meu Pai o amará, e viremos para ele e faremos nele morada” (Jo 14.23).
Permanecerá no amor de Cristo. “Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor; assim como também eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai e no seu amor permaneço” (Jo 15.10).
Será amigo de Jesus. “Vós sois meus amigos, se fazeis o que eu vos mando” (Jo 15.14).
Será considerado grande. “Aquele, pois, que violar um destes mandamentos, posto que dos menores, e assim ensinar aos homens, será considerado mínimo no reino dos céus; aquele, porém, que os observar e ensinar, esse será considerado grande no reino dos céus” (Mt 5.19).
Entrará na vida eterna. “Bom só existe um (que é Deus). Se queres, porém, entrar na vida, guarda os mandamentos” (Mt 19.17).
Desse modo, qual a vantagem dos ímpios? Nenhuma! Tudo o que construírem virará cinzas, inclusive eles. E o que eu ganho por guardar os mandamentos de Deus? Além de viver na bênção de Deus e em paz com a minha consciência aqui na Terra, estarei com Ele em glória por toda a eternidade no Céu.
Besta, eu? “Besta é tu”, se descuidares de que vale a pena guardar os mandamentos de Deus.

Samuel Câmara

Pastor da Assembleia de Deus em Belém

E-mail: samuelcamara@boasnovas.tv