As adversidades e a bondade de Deus


Vivemos em um mundo anormal, onde as adversidades, na maioria das vezes, são uma realidade inescapável. Elas aparecem, e pronto! Todos nós, de alguma forma, sofremos reveses na vida: fracasso, doenças, morte, perdas, tristezas, entre outros desapontamentos. E sempre nos perguntamos: Por que eu? Por que isso aconteceu logo comigo?
Outras vezes a adversidade alheia nos choca e entristece. Sempre fico deveras pesaroso por causa das enormes tragédias causadas por desastres naturais: um tsunami que devasta regiões inteiras; um furacão que arrasta tudo o que encontra pela frente; terremotos que transformam em escombros cidades inteiras; e tudo isso deixando ao mundo um horrível e macabro espetáculo de milhares de pessoas mortas, inomináveis perdas e dores indizíveis.
Como manter a fé em Deus diante desses problemas?
Algumas pessoas simplesmente negam a fé e ficam a se perguntar: Como é que Deus fica parado, sem intervir?
O que poucos podem ver, principalmente os que sofrem, é que Deus já interveio, exatamente porque Ele é bom.
Desde que Adão escolheu conhecer o bem e o mal, quando comeu do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal, que Deus dissera: “Não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás”; sim, desde esse dia, o bem e o mal, como realidades excludentes, se tornaram lugar-comum na história da humanidade. E nós somos fruto dessa escolha infeliz!
Todos nós já ouvimos inúmeras vezes as pessoas indagarem, com certo rancor, por que Deus deixa crianças nascerem cegas, aleijadas, doentes, ou morrerem de câncer etc. Assim, colocam a culpa em Deus, como se o ser humano não tivesse nenhuma responsabilidade diante da vida e da história. Acham que Deus não se importa se sofremos ou não.
Considerando que a sentença de Deus para a desobediência do pecado de Adão seria a morte certa (e Deus não o matou, mas, em vez disso, por pura bondade prometeu o Salvador), então devemos considerar que a questão mais honesta a ser colocada não seria por que nascem algumas pessoas cegas, mas por que nascem tantas pessoas com visão perfeita; não seria por que nascem aleijados, mas por que nascem tantos perfeitos; não seria por que morrem tantas crianças de câncer, mas por que vivem tantas crianças saudáveis; e assim por diante.
Por outro lado, há aqueles “religiosos” que não conseguem acatar a dor da vida sem a fé. Tentam enxotar o sofrimento pela tática simplista de ignorá-lo, vivendo uma fé fantasiosa. Tentam fazer desaparecer a tragédia mediante a fé.
Isso é um tipo de “abracadabra espiritual” que funciona mais ou menos assim: Se eu tiver uma fé maior, terei a resposta e tudo ficará bem. Basta confessar a minha grande fé e a tragédia desaparecerá. Mas a tragédia continua lá a fitá-los nos olhos com sua afronta cruel e implacável.
Há aqueles cuja fé os faz sobreviver após uma colisão com a adversidade, porque a sua fé é honesta a ponto de admitir que Deus é bom, aborrece a dor e o sofrimento e, finalmente, vai recriar o mundo e eliminar todo o mal.
Estes sabem que, por causa da bondade de Deus, Jesus sofreu a mais injusta das tragédias: a de, mesmo inocente e sem pecado, receber sobre si a culpa de todos os pecados da humanidade e a carga nefasta das nossas enfermidades e dores, para nos fazer participantes de uma nova ordem, dando-nos o poder de sermos chamados filhos de Deus e herdeiros da vida eterna.
A Bíblia diz: “Todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito” (Rm 8.28). Isso não quer dizer que todas as coisas sejam boas, mas que certamente contribuirão para o nosso bem. Esta é a promessa que cada filho de Deus pode reclamar para si, embora sabendo que nem tudo o que acontece é a perfeita vontade do Senhor, porque o mundo vive em desequilíbrio por causa do pecado. Todavia, devemos andar na certeza de que nada poderá acontecer que impeça o total cumprimento da vontade de Deus na nossa vida.
O mal que nos causa sofrimento, às vezes, advém de nossas próprias escolhas; outras, pelas mãos do Maligno, ou através de pessoas egoístas. O mal não vêm de Deus; nem o sofrimento é coisa boa. Porém, ao permiti-los, Deus os emprega no desenvolvimento de nosso caráter e no nosso aperfeiçoamento como Seus filhos.
É com essa certeza de fé que honramos a Deus e enfrentamos honestamente a feiura deste mundo, ao entendermos que a nossa luta é valorizada quando o sofrimento nos faz crescer e nos torna pessoas melhores do que quando entramos na batalha.
Temos de admitir que, na maioria das vezes, não há respostas fáceis ou claras sobre as adversidades que nos atingem. Sendo assim, as nossas melhores incursões são um mero tatear no escuro, pois não temos infalíveis dons de análise. Às vezes, são apenas a colheita do que se plantou (Gl 6.7). Em outras, somos vítimas ocasionais dos desarranjos de nosso mundo pecaminoso, pois “o mundo inteiro jaz no maligno” (1Jo 5.19). Por isso, estamos sujeitos a enfrentar tragédias, mas devemos manter a esperança, como disse Jesus: “No mundo tereis aflições; mas tende bom ânimo, eu venci o mundo” (Jo 16.33)
Um dia haverá uma Redenção completa. Mas, hoje, temos que viver pela fé e fazer a coisa certa, enquanto oramos pelos que sofrem, oramos e trabalhamos pela paz no mundo, para que possamos ter dias melhores.
Portanto, não negue a sua fé, nem a torne uma fantasia. Creia em Deus, apesar das adversidades. Se você não puder encarar a dor frente a frente, olhos nos olhos e, apesar disso, crer em Deus, então, na verdade, nunca crerá em Deus. A Bíblia diz: “Sem fé é impossível agradar a Deus”; e também: “O justo viverá pela fé” (Hb 11.6; Gl 3.11).
Creia em Deus apesar de qualquer tragédia pessoal, pois Nele você pode confiar. Saiba que, independentemente de quem você seja, Deus é bom; e Ele ama você e quer o seu bem!

Samuel Câmara
Pastor da Assembleia de Deus em Belém
E-mail: samuelcamara@boasnovas.tv
 

 
Samuel Câmara
Pastor da Assembleia de Deus em Belém

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